quinta-feira, 28 de março de 2019

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte XXXIV

Abril de 1821 - Auguste de Saint-Hilaire

Confiscos - Índio próspero - Controle de fronteira - Negro hermafrodita(?)

     Todos os portugueses de lastimam dos sacrifícios por homens que os maltratam tanto, sendo muito frequente o confisco de toda espécie para manter as tropas. Mas com tanta falta de mão de obra na região, facilmente estes homens encontrariam trabalho para sua subsistência.

     Nesta localidade há um índio que além de saber ler e escrever, é bem vestido e honesto, goza de certa riqueza; possui uma estância, cavalos e gado. Administra metodicamente seus negócios e casou suas filhas com homens brancos.

    Acaba de se instalar a margem do Rio Toropi-Chico uma guarda que só deixa entrar ou sair na Província das Missões quem tiver passaporte, para evitar a fuga dos índios ou roubo de crianças pelos brancos. Medida que não tem eficácia, visto que o índio, excelentes nadadores, atravessariam em outros pontos, assim como o branco colocaria uma criança na garupa do seu cavalo, passando por caminhos fora da estrada principal.

    Em um estância próximo ao Ibicuí o proprietário embora lhes tenha dado pouso e ofericado cavalo, lhes tratou com indiferença. Visto que os mineiros acolhem os estrangeiros com solicitude, respondendo às perguntas e lhes fazendo outras.

     Na estância de Filipinho há um negro muito interessante. Já velho e não tem barba, com grandes nádegas caminha rebolando, com todos os modos de mulher, sua voz, contudo, é de homem; e ele lhe disse possuir todos os órgãos sexuais, porém atrofiados.

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