quinta-feira, 14 de março de 2019

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte XXXII

Colaboração: Jeandro Garcia
Abril de 1821 - Auguste de Saint-Hilaire

Pouca comida - Resistência física - Preços - Incentivo para os índios trabalharem

     Nesta estância está em uma choupana que chove por todos os lados, a vaca que lhe resta não pode ser abatida pois o mau tempo impediria a secagem da carne. A farinha já acabou e o feijão que trouxe desde Montevideo está com uma dureza extrema. Com carne muito magras torna seus empregados mais insuportáveis do que nunca. Ninguém diz uma palavra ou sorri, Saint Hilaire passa o tempo o mais tristemente possível.

     Inúmeras vezes viu como os habitantes desta terra superam a fadiga e intempéries. Mariano, seu empregado saiu exausto e pouco comeu desde São João, ontem se molhou a valer, não mudou de roupa, dormindo assim mesmo. Hoje montou a cavalo na chuva, para procurar bois, ao retornar voltou a dormir assim mesmo, molhado.

     Nesta região, por haver poucos agricultores, os preços atingem valores exorbitantes, seu hospedeiro vende um alqueire de farinha de milho por oito patacas, o que lhe rendeu grande lucro, assim como terá com seu arroz, feijão, amendoim e tabaco.

     Os índios são apaixonados pelo fumo, poderiam assim, distribuindo cigarros aos mais laboriosos, trazê-los para a plantação. Igualmente como fizeram os jesuítas com o melado, onde era possível cultivar a cana de açúcar. A esperança e benefícios futuros não motiva os índios, é preciso por logo a frente de seus olhos os benefícios, como um pedaço de carne ou fumo.

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