sábado, 9 de março de 2019

Grandes vultos da história - João Simões Lopes Neto

          Me diga ai, as vezes tu não te deprime por que algo não deu certo na tua vida? Apostou em um empreendimento e ele deu errado, em um amor que se foi, em um investimento perdido... Ah, quanta coisa. Pois vou contar a vosmecê sobre um cuera chamado João Simões Lopes Neto, que se vivo fosse, estaria completando hoje, 154 anos.

           Filho dos pelotenses Capitão Catão Bonifácio Simões Lopes e Teresa de Freitas Ramos, ele era neto paterno do Visconde da Graça, João Simões Lopes, e de sua primeira esposa, Eufrásia Gonçalves Vitorino. Nasceu em Pelotas, no dia 9 de março de 1865, na estância da Graça, propriedade de seu avô paterno. Era membro de uma tradicional família pelotense, e possuía ancestrais portugueses, de origem tanto açoriana como continental, tendo seus antepassados emigrado para o Brasil em busca de melhores condições de vida.
Personagem Blau Nunes, dos Contos Gauchescos (Filme)

           Simões Lopes Neto, um jovem empreendedor, envolveu-se em uma série de iniciativas de negócios que incluíram uma fábrica de vidros, importou abelhas da Argentina e montou uma destilaria. Porém, os negócios fracassaram. A Revolução Federalista, de 1893 abalou duramente a economia local. Depois disso, construiu uma fábrica de cigarros, cuja marca dos produtos, fumos e cigarros, recebeu o nome de "Diabo", o que gerou protestos de uma cidade religiosa e presa à costumes do seculo XIX. Sua audácia empresarial levou-o ainda a montar uma firma para torrar e moer café, e desenvolveu uma fórmula à base de tabaco para combater sarna e carrapatos. Ele fundou ainda uma mineradora, para explorar prata em Santa Catarina.

           Dedicou-se, ainda que sem sucesso, a uma obra para a Reforma Ortográfica, onde via necessidade de mudanças mas, o Ministério da Educação ao rejeitou a proposta de Lopes Neto, na voz de um senador, que determinou ser absurda a ideia de trocar o –ch por –qu (como por exemplo: machina por máquina) ou ainda phosphoro, pharmacia, trocarem o –ph por –f.
A princesa Moura, do conto: A Salamanca do Jarau

           A luta pela subsistência seria travada nas redações dos jornais provincianos entre 1895 e 1913, onde  manteve a coluna "Balas d'Estalo", no Diário Popular. De 1914 a 1915 ocupou a direção do Correio Mercantil e, finalmente, em 1916, ano de sua morte, voltou para "A Opinião Pública" com a coluna "Temas Gastos". Escreveu, também, muitas peças teatrais, como: O boato (1894), Mixórdia (1894) e Viúva Pitorra (1898), esta última, uma opereta.

          Ao assumir o Correio Mercantil evou consigo o livro que estava concluindo, "Casos do Romualdo", e publicou-o em 'folhetins' nesse periódico. Esses “causos” lhe foram relatados pelo próprio Romualdo de Abreu e Silva, amigo da família. Se os “Contos Gauchescos” foram a sua obra fundamental, o seu engenho de escritor floresce nas "Lendas do Sul". O escritor faleceu no dia 13 de junho de 1916, em Pelotas, aos 45 anos, deixando inacabada sua obra “História do Rio Grande”.

Obras de Lopes Neto:
Cancioneiro Guasca (1910);
Contos Gauchescos (1912)
Lendas do Sul (1913);

Casos do Romualdo (1914, mas publicada em 1952);
Terra Gaúcha (Publicada em 1955)

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