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terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Os 10 Mandamentos do evento tradicionalista - por Jeandro Garcia

Jeândro Garcia e Ewilin Ayres
1 – Darás um responsável ao teu evento
     TODO E QUALQUER evento deverá ter um responsável, aquele que sabe de tudo e caso não saiba, saberá dizer quem sabe. Distribuirá as funções e não serás o centralizador das obrigações, mas sim o responsável em organiza-las.

2 – Farás o planejamento antecipado
      Planejar sem o tempo necessário para a execução do evento é o mesmo que não planejar nada. Qualquer evento sem planejamento e prazo adequado tende ao fracasso. Dois meses é o mínimo para começar a divulgação de qualquer grande evento, o planejamento deve começar ainda antes deste prazo, especialmente eventos robustos que tenham como finalidade o lucro financeiro.

3 – Honrai o seu objetivo e o caixa sua entidade
     Em tempos de crise é necessário que todos tenham compreensão das dificuldades, se o seu objetivo é ter lucro, procure negociar os melhores valores, mas todos devem lucrar, não explore e nem seja explorado. O risco é o caixa da entidade que banca no final das contas, seja responsável. Planeje de modo que a entidade seja o principal beneficiário. Se há uma real possibilidade de prejuízo, não faça, planeje novamente.

4 – Não exterminará o teu público
     Tempos de dificuldade NÃO significa lucrar mais de quem participa de suas atividades, significa buscar novas alternativas para aumentar este público e lucrar na quantidade. Cobre menos, tenha mais participantes, assim lucre mais com mais ingressos, copa, estacionamento e demais oportunidades. Aumente seu público, não seus preços.

5 – Serás positivo, mas realista
     A primeira pessoa que deve acreditar no evento é o proponente, certifique-se de que terá um bom atrativo, uma data propicia, calcule gastos e possíveis ganhos e veja se possui voluntários para trabalhar e/ou vender ingressos. Com tudo isso em mãos e com muito seja positivo e confiante. Caso não tenha tudo isso disponível, seja realista, aguarde um novo momento.

6- Aceitarás que por vezes “mais” é realmente “mais”
      Para se ganhar dinheiro, tem que investir dinheiro. Invista! O tempo de somente “faixa na frente do CTG” acabou, faça a faixa, impulsione no Facebook, Instagram, panfletos, vídeos e encontre mídias diferenciadas. Mensure e se pergunte: “Se eu gastar R$ 100,00 com isto, tenho que vender pelo menos 5 ingressos de R$ 20,00. Eu consigo?" Se a resposta for “Sim, isso vende certo pelo menos 5 ingressos” não pense duas vezes, faça! Se o empate está garantido, jogue agora para ganhar sem medo.

7- Serás parceiro daqueles que foram teus parceiros
     A crise chegou primeiro em quem produz os eventos e depois nos artistas, fornecedores e prestadores de serviços. Afinal o evento é um só, se passou, não dá mais para correr atrás do prejuízo. Se hoje falta trabalho para quem presta serviço, é porque os produtores de eventos já tiveram o seu prejuízo muito antes destes e agora os promotores estão desestimulados a fazerem novos eventos. Por tanto, agora não esqueça de quem foi prestativo com seus eventos, especialmente quando você estava precisando de bons valores e cooperação na divulgação, pois possivelmente, neste momento, os dois lados estarão em dificuldades, e claro, neste momento vale ser parceiro de quem foi parceiro no tempo que somente você estava precisando de ajuda.

8- Não doarás teu santo lucro em vão
     Evento cheio NÃO é sinal de caixa cheio. Se ao fim do evento todo lucro (ou quase) é entregue para os contratados, pode ter sido tudo em vão. A entidade que promove deve ter lucro, ela merece mais que todos, pois assume todos os riscos. Não faça por fazer ou sem se preocupar se a entidade terá prejuízo, faça para dar certo! Para dar lucro quando visa lucro! Salvo atividades festivas, palestras, culturais ou confraternizações. Não é o momento para eventos só para mostrar pompa, é um momento de resultados efetivos.

9- Honrarás o que propôs
      Se você propôs o evento, abrace e vá até o final, assuma a liderança. Caso não tenha disponibilidade ou capacidade, proponha a alguém a liderança e se ofereça para ajudar no que for necessário.

10 – Garantirás o estoque
       A qualidade e sucesso do evento de hoje é o primeiro passo para o sucesso do próximo. Não deixe faltar bom atendimento, comida e bebidas. Faltar algo é um mau sinal, que leva a crer que nem o promotor estava acreditando no sucesso do evento. Pense o quanto é impactante, de forma ruim, arrumar toda a família, chegar no local, em horário adequado e não ter mais comida. Se for um baile onde esta família se alimentará? No próximo virá para jantar? Virá pelo menos? Possivelmente não.

          Em tempo, tudo que está escrito aqui pode ter exceções, mas não se espelhe em exceções, se espelhe em trabalho suado! E especialmente no que dá certo de fato, sem contar com a sorte, sem ser uma exceção.

7 pecados eventuais

Soberba – Não confunda com confiança ou “ser positivo”, afirmar que tudo vai dar certo sem trabalho duro ou planejamento é soberba. Ser confiante é acreditar nos resultados de algo que será bem executado.

Avareza – Para bons resultados são necessários investimentos adequados, economizar demais trará com certeza um menor público ao evento e insatisfação aos que estiverem presentes. Gostos com divulgação, limpeza e qualidade não são prejuízos, são investimentos

Luxúria – A não ser que a entidade esteja muito bem financeiramente, com um bom capital e todas as contas pagas, bancar com o caixa eventos que originalmente visariam lucro, mas dão prejuízo, é luxúria

Inveja – Se um companheiro ou outra entidade organiza melhor seus eventos, nutra admiração e procure saber de que forma você pode aprender com estes exemplos. Incentive seu colega e dê força a outras entidades, pois quanto mais eventos de tradição em nossa entidade ou cidade, mais público teremos para participar também de nossos eventos.

Gula – Tentar lucrar o máximo possível em um evento é o primeiro passo para não ter lucro algum. Devemos almejar o melhor lucro possível oferecendo, ainda assim, qualidade. Cobrar muito por um ingresso, por bebidas e oferecer refeições de má qualidade pode gerar algum lucro no evento, mas a insatisfação vai afastar este público da sua próxima atividade, até mesmo já da atual.

Ira – Adversidades sempre vão existir, muitos vão dizer que não vai dar certo, talvez até estejam certos se você ou sua entidade não estiverem preparados, por tanto, façam o melhor planejamento, a melhor divulgação e o melhor atendimento. Se ainda assim não der certo, não haverá “ira”, pois fizeram o seu melhor. A verdadeira ira é aquela que brota do sentimento de que podíamos ter feito melhor e não fizemos.

Preguiça – Se você tem, nem faça. Pelo menos compre o ingresso para ajudar.

Jeândro Garcia
#Mandamentos   #Evento

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Marketing de Bombachas

Trouxe novamente esta materia que cada vez fica mais forte no meio tradicionalista:

"Palestra que dei em Bagé baseada no trabalho da Revista VEJA, que analisou o marketing de Bombachas. Veja este texto falando sobre nosso orgulho de ser gaúcho. Naquela época a patrocinadora da semana farroupilha e do MTG era a TIM, depois a OI e agora, a TIM está de volta. As Casas Bahia deixaram o RS..."

O orgulho que os gaúchos têm de sua terra e de suas tradições vai muito além do aspecto folclórico, como logo descobrem as empresas estrangeiras e de outros estados que tentam conquistar o mercado do Rio Grande do Sul: eles de fato dão preferência a produtos autóctones. Essa espécie de protecionismo comercial por razões culturais é uma peculiaridade gaúcha. Nas demais unidades do país, a predileção por marcas locais é mais presente nas classes D e E.

No Rio Grande do Sul, abrange também os mais ricos. Um levantamento realizado pela consultoria Nielsen mostra que os segmentos A e B gaúchos consomem 31% dos bens não duráveis fabricados na região, quase o dobro da média nacional. "É o único lugar do Brasil em que os mais bem aquinhoados são grandes consumidores de marcas regionais", diz Ana Carolina Franceschi, coordenadora da pesquisa. Para conviver com essa singularidade, é comum que as empresas forasteiras abracem as tradições locais. Para ganharem a confiança da clientela, algumas chegam mesmo a se passar por gaúchas.

O Magazine Luiza adotou essa estratégia em 2004, ao comprar as 43 unidades das Lojas Arno, então uma rede tradicional do Rio Grande do Sul. No princípio, o nome da Arno foi mantido. Depois, acrescentou-se a nova marca à antiga, duplicidade que permaneceu nos letreiros e anúncios durante um ano, até que a mudança fosse absorvida pelos consumidores. Passada a fase de adaptação, a marca Arno pôde, enfim, ser retirada sem traumas. "As pesquisas que encomendamos indicavam que precisávamos fazer uma conexão com o consumidor gaúcho e que corríamos o risco de perder quase 2 milhões de clientes se mudássemos o nome imediatamente", diz Frederico Trajano, do Magazine Luiza. A manobra deu ótimo resultado. Em menos de cinco anos, o Rio Grande do Sul se tornou o terceiro maior mercado da rede de lojas de eletrodomésticos. "O segredo foi chegar devagarzinho, manter a humildade e jamais comparar a marca nova com a antiga", diz o publicitário Antônio D’Alessandro, que delineou a estratégia do Magazine Luiza no estado.

 A rede de supermercados americana Wal-Mart, que em apenas três anos se tornou líder do mercado gaúcho, seguiu outro caminho. Em 2005, a Wal-Mart comprou as marcas Nacional, Big e Maxxi Atacado – e nem sequer cogitou substituí-las pelo seu próprio nome. "Nossa principal preocupação é colocar as mercadorias do estado nas prateleiras", afirma José Oswaldo Leivas, que comanda as operações da rede na Região Sul. Segundo ele, não podem faltar produtos como erva-mate de Ijuí e doces de Pelotas. O Carrefour não mudou de nome, mas também recheou suas gôndolas com produtos locais. "É o lugar onde há mais marcas regionais em nossos estoques", afirma Jairo Fagundes, diretor regional da empresa. No Rio Grande do Sul, o Carrefour oferece mais de 4 000 itens produzidos no estado.

É uma enormidade. Para efeito de comparação, suas lojas paulistas expõem apenas 2 600 mercadorias de origem local. Para tentar estreitar os laços com a clientela, o Carrefour patrocina uma curiosa Escola do Chimarrão, que funciona dentro de um ônibus. De botas, bombachas e chapéu, o especialista Pedro Schwengber roda as sete lojas do Carrefour no estado para dar aulas sobre a bebida. "Posso ensinar as 36 maneiras de preparar o legítimo chimarrão", diz.

A operadora de celulares TIM procura colar sua marca nas tradições dos pampas. Patrocina a Semana Farroupilha e o Movimento Tradicionalista Gaúcho, nos quais os trajes típicos são indispensáveis. A antiga cervejaria Antarctica (hoje AmBev) foi uma das primeiras a perceber essa característica do mercado gaúcho. Comprou uma marca estadual, a Polar, em 1972, e não a extinguiu. Comercializada apenas no estado, a Polar é a segunda cerveja mais vendida entre os gaúchos – perde apenas para a Skol, também da AmBev. Como o chimarrão, a Polar tem um sabor mais amarguinho. Para reforçar ainda mais o elo com o consumidor, lançou no ano passado versões em lata com os símbolos de Grêmio e Internacional, cujas torcidas costumam entoar o grito de guerra "Ah, eu sou gaúcho!".

Ignorar esse aspecto do mercado gaúcho é quase um suicídio. Em 2004, quando inauguraram as primeiras lojas no Rio Grande do Sul, as Casas Bahia utilizaram o mesmo modelo de marketing com o qual conquistaram a clientela do resto do Brasil. Chegaram a ter 27 lojas. O chimarrão entornou. Hoje, a rede tem apenas seis pontos-de-venda no estado. Em meados de 2008, o presidente do grupo, Michael Klein, encomendou uma pesquisa para descobrir as razões do insucesso e alternativas para driblá-lo. Os consultores sugeriram mudanças na roupa do bonequinho do seu logotipo – a troca do chapéu de cangaceiro por um de gaúcho e que ele envergasse também botas e bombachas. O conselho foi ignorado. Talvez o melhor mesmo seja trocar o nome para Casas Rio Grande.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O cafezinho nunca é de graça

Ao escrever este artigo estava tomando um mate e revendo o filme: “A rede social” – sobre o Facebook – e a meteórica ascensão de Mark Zuckerberg, eleito o homem do ano pela revista Time é a pessoa mais jovem a figurar na lista dos mais ricos do mundo da Forbes. Este filme me fez analisar o quanto a criatividade é importante par ao crescimento.

Por ser captador de recursos dos festejos farroupilhas de Porto Alegre e, também, do MTG, muita gente me procura para pedir patrocínios para sua entidade. As empresas patrocinam um projeto cultural para se diferenciar das demais concorrentes, a partir do momento em que, toma para si, determinados valores relativos àquele projeto. Também para se comunicar com seu público alvo e mostra para a sociedade que não está fechada somente em torno da sua lucratividade e de seus negócios.

Então, para isso, é necessário oferecer um retorno à empresa investidora. Ninguém dá dinheiro só por dar. O patrocínio é uma via de duas mãos. O retorno deverá aparecer nos gráficos estabelecidos no acordo. Quando o Face foi criado, sem a pretensão de chegar aonde chegou, foi na base da criatividade de jovens estudantes de Harvard. A idéia inicial era reunir em um site os amigos das universidades. Em pouco tempo os números adquiridos pelo site tomaram proporções incríveis deixando seu dono bilionário.

Transportando esta idéia para nossas entidades.
Como está o quadro de associados do CTG?
Qual é a vantagem de me associar ao CTG?
Quantas pessoas freqüentam meus eventos?
Temos um planejamento anual para a entidade?
Temos um planejamento a longo prazo (tipo 3 anos)?
Os nossos eventos se diferenciam dos eventos do outro CTG?
Que indicadores teríamos para mostrar a um pretenso investidor, apresentando números que mostram o resultado do trabalho que tem sido desenvolvido no CTG?

Todas essas perguntas fizemos em 2001 quando iniciamos um trabalho de reestruturação no MTG e na Fundação Cultural Gaúcha. Censo tradicionalista, planejamento estratégico 2006/2015, Desfiles Temáticos, Parceiros Sustentáveis, Banco de Projetos e outras atividades que planejamos e colocamos em prática. Não é à toa que os festejos farroupilhas, de um pequeno acampamento de lona no centro da capital, se transformou na maior festa popular do RS. E que o ENART está indo pelo mesmo caminho.
Mas eu lembro às entidades: Ninguém dá nada de graça. Nunca esqueça: “O cafezinho nunca é de graça”, de uma forma ou de outra, ele é pago. Tudo o que for investido no patrocínio retornará de alguma forma. Caso contrário ninguém investirá.

 Aos nossos CTGs: Defina sua Missão (para que existe o CTG?) Planeje a curto, médio e longo prazos. Formule objetivos, estratégias e metas. Estude os pontos fortes e fracos da entidade. Registre tudo, pois isso serve para a história e para futuros projetos, pois não adianta mentir números. Ao conseguir um apoiador ou patrocinador, mantenha-o informado sobre o progresso e o status dos projetos por ele financiados. Convide-o sempre para visitar as atividades que ele ajuda a financiar mostrando sempre os benefícios do projeto. Organize eventos de homenagem ao apoiador/investidor.

Este é o caminho. Não existe fórmula mágica. Busque o conhecimento e seja criativo como Mark Zuckerberg e alavanque sua entidade.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Palestra do Marketing de bota e bombacha

Tenho insistido pelo interior do estado e aqui mesmo na capital, para s CTGs começarem a ter criatividade para vender seu produto. Na palestra "Falar bem em público" procuro ajudar o pessoal a desenvolver a capacidade de se comunicar bem diante do seu público.

Já o trabalho voltado para o marketing, de vender o "produto" chamado tradição gaúcha, não é fácil. O fato de trabalharmos com tradição não quer dizer que não possamos usar as ferramentas existentes para vender o que produzimos. Tem CTGs que conseguiram entender esse processo e cresceram. Vendem sua dança, sua música, seus bailes, jantares, bem vendidos. As pessoa se perguntam, quando terão a oportunidade de ir novamente à um evento naquela entidade.

No marketing, costumamos ouvir palavras como: "brainstorming" (tempestade de idéias) que nada mais é que gerar uma grande lista de "idéias loucas e ousadas", sendo algumas de surpreendente ajuda. Sentar e despejar idéias, por mais loucas que possam parecer, faz as pessoas pensarem fora de sua rotina. Falo sempre para reunir pessoas de fora do CTG para que listem 5 fatores positivos, 5 negativos e 5 sugestões de melhoras para a entidade. Por que a opinião de fora é fundamental (ler o livro: O cavaleiro preso na armadura).

Umas regrinhas básicas:

Gere idéias em quantidade, não pense em qualidade. Isso será discutido pelo grande grupo.

Não critique as sugestões do outro, por mais loucas que possam parecer.

Sem exclusividade de idéias...uns podem interferir e aprimorar a ideia do outro.

Comece pensando: " eu gostaria que...", "eu desejaria que..." e você entrará no espirito do associado e do simpatizante. Sempre cito o exemplo do Galeto do CTG. É normal a entidade promover o tradicional galeto com uma boa "metade de frango, repolho e polenta". A invernada entra e faz uma apresnetação de rodeio. Qunado não, todas entram e fazem isso. Ninguém pensa em um espetáculo diferenciado.

A chamada para o evento

Falei sobre comunicação... que é tornar comum. Informar a tua idéia. Ando por esse Rio Grande véio de Deus e vejo de tudo. Placas pretas escritas a Giz "Grande galeto", "Grande jantar baile", "Grande domingueira". è palavra desgastada como "Grande Liquidação" e "Grande oferta". As pessoas não acreditam mais. Cadê a criatividade para vender o produto?

Como anunciar um produto e chamar a atenção do "cliente"? Qual o objetivo da chamada? Atrair pessoas para participar do evento. Apoio: O que o evento vai oferecer par ao cliente? Que tom dar paraessa voz de chamamento? Mostrar que o CTG tem um diferencial em relação à eventos do mesmo tipo.

Vamos citar por exemplo as entidades que estão indo dançar festivais de folclore no exterior, que é o caso dos CTGs Aldeia dos Anjos, Porteira Velha, Rancho da Saudade e Amaranto Pereira. Eles exploram seus espetáculos internacionais e apresentam nos jantares e eventos que promovem. Criam uma marca registrada forte, ou seja, quem vai lá sabe que sempre terá uma surpresa. Costumo falar isso em nossas viagens e palestras pelo Rio grande do Sul quando vemos dificuldades nas regiões. Mas é fundametnal, que os homens estejam dispostos a mudar. Caso contrário tudo continuará nas mesmas.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Marketing de bota e bombacha


Palestra que dei em Bagé baseada no trabalho da Revista VEJA, que analisou o marketing de Bombachas. Veja este texto falando sobre nosso orgulho de ser gaúcho. Naquela época a patrocinadora da semana farroupilha e do MTG era a TIM hoje é a OI. As Casas Bahia deixaram o RS...

O orgulho que os gaúchos têm de sua terra e de suas tradições vai muito além do aspecto folclórico, como logo descobrem as empresas estrangeiras e de outros estados que tentam conquistar o mercado do Rio Grande do Sul: eles de fato dão preferência a produtos autóctones. Essa espécie de protecionismo comercial por razões culturais é uma peculiaridade gaúcha. Nas demais unidades do país, a predileção por marcas locais é mais presente nas classes D e E. No Rio Grande do Sul, abrange também os mais ricos. Um levantamento realizado pela consultoria Nielsen mostra que os segmentos A e B gaúchos consomem 31% dos bens não duráveis fabricados na região, quase o dobro da média nacional. "É o único lugar do Brasil em que os mais bem aquinhoados são grandes consumidores de marcas regionais", diz Ana Carolina Franceschi, coordenadora da pesquisa. Para conviver com essa singularidade, é comum que as empresas forasteiras abracem as tradições locais. Para ganharem a confiança da clientela, algumas chegam mesmo a se passar por gaúchas.

O Magazine Luiza adotou essa estratégia em 2004, ao comprar as 43 unidades das Lojas Arno, então uma rede tradicional do Rio Grande do Sul. No princípio, o nome da Arno foi mantido. Depois, acrescentou-se a nova marca à antiga, duplicidade que permaneceu nos letreiros e anúncios durante um ano, até que a mudança fosse absorvida pelos consumidores. Passada a fase de adaptação, a marca Arno pôde, enfim, ser retirada sem traumas. "As pesquisas que encomendamos indicavam que precisávamos fazer uma conexão com o consumidor gaúcho e que corríamos o risco de perder quase 2 milhões de clientes se mudássemos o nome imediatamente", diz Frederico Trajano, do Magazine Luiza. A manobra deu ótimo resultado. Em menos de cinco anos, o Rio Grande do Sul se tornou o terceiro maior mercado da rede de lojas de eletrodomésticos. "O segredo foi chegar devagarzinho, manter a humildade e jamais comparar a marca nova com a antiga", diz o publicitário Antônio D’Alessandro, que delineou a estratégia do Magazine Luiza no estado.

A rede de supermercados americana Wal-Mart, que em apenas três anos se tornou líder do mercado gaúcho, seguiu outro caminho. Em 2005, a Wal-Mart comprou as marcas Nacional, Big e Maxxi Atacado – e nem sequer cogitou substituí-las pelo seu próprio nome. "Nossa principal preocupação é colocar as mercadorias do estado nas prateleiras", afirma José Oswaldo Leivas, que comanda as operações da rede na Região Sul. Segundo ele, não podem faltar produtos como erva-mate de Ijuí e doces de Pelotas. O Carrefour não mudou de nome, mas também recheou suas gôndolas com produtos locais. "É o lugar onde há mais marcas regionais em nossos estoques", afirma Jairo Fagundes, diretor regional da empresa. No Rio Grande do Sul, o Carrefour oferece mais de 4 000 itens produzidos no estado. É uma enormidade. Para efeito de comparação, suas lojas paulistas expõem apenas 2 600 mercadorias de origem local. Para tentar estreitar os laços com a clientela, o Carrefour patrocina uma curiosa Escola do Chimarrão, que funciona dentro de um ônibus. De botas, bombachas e chapéu, o especialista Pedro Schwengber roda as sete lojas do Carrefour no estado para dar aulas sobre a bebida. "Posso ensinar as 36 maneiras de preparar o legítimo chimarrão", diz.

A operadora de celulares OI procura colar sua marca nas tradições dos pampas. Patrocina a Semana Farroupilha e o Movimento Tradicionalista Gaúcho, nos quais os trajes típicos são indispensáveis. A antiga cervejaria Antarctica (hoje AmBev) foi uma das primeiras a perceber essa característica do mercado gaúcho. Comprou uma marca estadual, a Polar, em 1972, e não a extinguiu. Comercializada apenas no estado, a Polar é a segunda cerveja mais vendida entre os gaúchos – perde apenas para a Skol, também da AmBev. Como o chimarrão, a Polar tem um sabor mais amarguinho. Para reforçar ainda mais o elo com o consumidor, lançou no ano passado versões em lata com os símbolos de Grêmio e Internacional, cujas torcidas costumam entoar o grito de guerra "Ah, eu sou gaúcho!".

Ignorar esse aspecto do mercado gaúcho é quase um suicídio. Em 2004, quando inauguraram as primeiras lojas no Rio Grande do Sul, as Casas Bahia utilizaram o mesmo modelo de marketing com o qual conquistaram a clientela do resto do Brasil. Chegaram a ter 27 lojas. O chimarrão entornou. Hoje, a rede tem apenas seis pontos-de-venda no estado. Em meados de 2008, o presidente do grupo, Michael Klein, encomendou uma pesquisa para descobrir as razões do insucesso e alternativas para driblá-lo. Os consultores sugeriram mudanças na roupa do bonequinho do seu logotipo – a troca do chapéu de cangaceiro por um de gaúcho e que ele envergasse também botas e bombachas. O conselho foi ignorado. Talvez o melhor mesmo seja trocar o nome para Casas Rio Grande.