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domingo, 1 de agosto de 2021

Poesia de Chico Fighera - SOBRE O MÊS DE AGOSTO

Agosto bateu à porta,          
No início da madrugada,
Noite pra lá de gelada,
Pediu licença pra entrar,
E disse: posso ficar,
Uns 31 dias por aqui?
Mas claro, falei que sim,
Pois vi que era de confiança,
E uma ponta de esperança,
Em seus olhos logo vi.

Vou te contar uma história,
Falou agosto pra mim,
Nem sempre foi bem assim,
Só dez meses tinha o ano,
O calendário romano,
Nem começava em janeiro,
Março era o mês primeiro,
O sexto era “Sextilis”,
Então eu apareci,
Houve mudança de planos.

Em homenagem a Augustus,
Um Romano Imperador,
Que de “Agosto” me chamou,
E assim fui rebatizado,
Fiquei até lisonjeado,
Acho que nem merecia,
Mas senti muita alegria,
Uns com ciúmes ficaram,
Quando viram que aumentaram,
Meu mês pra 31 dias.

Da sua mala de garupa,
Que abriu, logo que sentou,
O “Amor” então tirou,
E em seguida a “Paz”,
Dizendo, o mundo é capaz,
De viver com alegria,
Se quiser, todos os dias,
Pois esses dois ingredientes,
Lá no coração da gente,
São a fonte da harmonia.

Porque o “Amor” e a “Paz”,
Não vivem sem um do outro,
Me afirmou o mês de agosto,
Com a experiência que tem,
Com o que concordo também,
E confio nessa aliança,
O “Amor” traz a bonança,
É um sentimento sublime,
Pois sem ele não se vive,
E a “Paz” traz esperança.

(Chico Fighera)

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Concurso Literário do Piquete Chama Nativa - 1º Lugar

 

CENÁRIO DE CAMPO  -  Alberto Salles

Sangue de raça andarilha
criou sonhos por aqui,
fibra aguerrida em si
se perdeu pela coxilha,
vejo o resto de uma encilha
laço, freio e cabeçada,
capa negra extraviada
uma cambona também,
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

Vejo a porta da saudade
abrindo dentro de mim,
vai gritando as dobradiças
nos pinos deram-se fim,
apodreceu as cancelas
e, não se tem mais tramelas
pois, saudade é mesmo assim.

Recanto vida formosa
telhado não se vê mais,
varanda abrigava os "ais"
prum mate de boa prosa,
e a lembrança silenciosa
da vida nessa morada,
sem parapeito na entrada
são imagens que nos vem,
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

Fogão tosco enferrujado
carcomido pelos anos,
aquentou tantos fulanos
de sonho aquerênciado,
um cambão todo quebrado
na mangueira estourada,
mesa antes abençoada
do tempo a fez de refém,
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

Se fez cenário de campo
por motivo de partida,
mato cobrindo a carreta
podridão sua ferida,
canzil e canga rachada
da porteira derrubada
pela solidão vencida.

Escada podre rangendo
sem dar passo na subida,
sótão de tábua ferida
vazando luz pro remendo,
cortina segue tremendo
de parede amarrotada,
a porta torta e judiada
que, com o tempo convém,
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

Sussurros faz ritual
para qualquer índio vago,
mostra o retrato no pago
com silêncio ancestral,
abriga o imaterial
para a visão ofuscada
pros que passam de cruzada
ofertando lhe um amém
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

Calou-se com a distância
com os anos se extraviou,
o apego para com seus
por motivos se acabou...
por falta de bem querer
ou, por morte lhe fez sofrer...
por isso, se desgarrou.

Ali mantém-se nas frestas
escora dos belos sonhos,
além dos lados tristonhos
ecos revivem arestas,
murmúrios franzindo as testas
na quietude memorada,
a sala toda banhada
com os respingos do além,
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

No retrato sem moldura
sem imagem definida,
onde guarda alma vivida
sobre o chão dessa planura,
se foi luzindo pra altura
só na memória guardada,
fibra da mulher amada
do campeiro homem do bem,
muito mais eu sei que tem
na morada abandonada.

Esse sabedor do tempo...
deixa tristeza e sequela
na imagem dessa tapera,
que antes já foi tão bela
os donos na eternidade
e hoje somente a saudade
tá morando dentro dela

terça-feira, 14 de abril de 2020

Em tempos de Corona Vírus, Chico Fighera alerta em versos

SOBRE O CORONA VÍRUS 

Autor: Francisco Carlos Fighera

Não se sabe de onde veio,
Como nasceu e se criou,
Nem como se propagou,
De uma forma tão morteira,
Não respeitando fronteiras,
E dele pouco se sabe,
Agora, à ciência cabe,
Descobrir esse mistério,
E inventar um remédio,
Que proteja a humanidade. 

Esse vírus poderoso,
Que ataca sem ter piedade,
Às pessoas de toda idade,
Principalmente os idosos,
Que estão muito mais expostos,
Pela baixa imunidade.
A preocupação, a ansiedade
O isolamento social,
Aos poucos nos deixa mal,
Pois nos tira a liberdade.

Contra esse inimigo invisível,
Não há bombas, não há balas,
Nem as poderosas armas,
Em que se gastaram bilhões.
Os navios, mísseis, aviões,
Artilharia pesada,
Infantaria e cavalaria mecanizada,
No ar, no mar e na terra,
Nas trincheiras dessa guerra,
Hoje não servem pra nada.

Já estamos sentindo falta, 
Dos abraços que não se deu,
Das palavras que se esqueceu
De se dizer algum dia,
Do sorriso, da alegria,
Do afago, do aperto de mão, 
Da roda de chimarrão,
Do cafezinho no bar.
Tudo isso vai voltar,
E ficar uma grande lição.

Não percamos o otimismo,
Porquê traz desesperança,
Manter viva a esperança,
Evita o tédio e o pânico,
Busquemos a coragem, o ânimo,
Na união, na cooperação,
Com equilíbrio entre razão e emoção,
Vamos enfrentar o medo,
Sem choro, sem desespero, 
Com a força da oração.

As ruas estão vazias,
As lojas estão fechadas,
As pessoas confinadas,
No necessário isolamento,
Vamos aproveitar o tempo,
Que muitos diziam não ter,
Pra conversar, ler, escrever,
Olhar retratos, lembrar,
Se exercitar, cantar, rezar,
Sem celular nem Tv.

Cientistas fazem pesquisas,
Pra inventar uma vacina,
Mas enquanto a medicina,
Não consegue seu intento,
Porque isso leva tempo,
O remédio pra essa dor,
Tem na fórmula o “Amor”,
A “Fé”, a “Compaixão”, a “Ternura”,
Receita que tudo cura,
Do Nosso Pai Criador.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Pedro Júnior lança livro "Constelação de Fonemas" durante apresentação

             Pedro Junior da Fontoura subiu ao palco na Casa das Artes em Bento Gonçalves e soltou seu verso xucro. Encantou a todos.

            O poeta porto-alegrense, Pedro Junior Lemos da Fontoura, 47 anos, é formado em letras pela Universidade de Caxias do Sul e é professor de Literatura Brasileira em Bento Gonçalves, cidade que reside. Possui sete CDs gravados e a participação em mais de uma centena de obras discográficas. Integra ao lado de grandes nomes a linha de frente da declamação e da pajada gaúcha, com uma trajetória artística que já lhe rendeu centenas de prêmios inclusive internacionais.

             Hoje ele apresentou o livro "Constelação de Fonemas", que traz  ilustrações belíssimas, assinadas pelo artista plástico canelense,  Vasco Machado, hoje residente em Caxias do Sul. O livro foi prefaciado por Colmar Duarte, Moisés Menezes e Tabajara Ruas. Pedro lembra que foi graças à leis de incentivo a cultura que conseguiu tornar concreto suas obras. Aplaudiu o Congresso e a iniciativa de debater cultura.

            "Neste livro de profunda beleza, o pajador, poeta, compositor, declamador e andarilho Pedro Junior da Fontoura atinge a maturidade, suave como esses crepúsculos da fronteira oeste, arrebatados de cor e de silencio. É uma obra que começa nos encantando com as ilustrações clássicas que o enriquecem e logo deslizam para poemas, essa 'Constelação de Fonemas', os quais nos acompanharão pela estrada a fora,altos como constelações de estrelas" ´escreveu Ruas.
Uma obra autografada do grande poeta e pajador Pedro Junior da Fontoura

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Resultado do 4º Esteio da Poesia Gaúcha

          Uma bela noite de sábado, na Casa de Cultura Lufredina Araújo Gaya, onde foi realizado o  4º Esteio da Poesia Gaúcha. Foi uma noite dedicada à cultura e ao verso gaúcho.

          Comissão Organizadora: "Só queremos agradecer pelo trabalho de todos, pela participação do público que lotou o auditório, aos concorrentes, músicos e cantores dos shows, ao nosso apresentador e ao prefeito que nos dá respaldo para fazer esse festival".

Resultado:

Melhor Trabalho em Palco
O Duelo de Don Blanco, de Danilo Kuhn (São Lourenço do Sul), declamada por Silvana Giovanini (São Lourenço do Sul), amadrinhada por Danilo Kuhn

Melhores Poesia
1º lugar - Tudo o que Havia de Bueno, de Rodrigo Bauer (São Borja), interpretada por Pedro Júnior da Fontoura (Bento Gonçalves), amadrinhado por Henrique Scholz (Campo Bom)
2º lugar - O Duelo de Don Blanco, de Danilo Kuhn
3º lugar - Aguaceiro, de Marcelo Dávila (Porto Alegre), declamada por Silvana Andrade (Portão), amadrinhada por Jadir Oliveira Filho (Portão) e Dhouglas Umabel (Porto Alegre)

Melhores declamadores
1º lugar - Liliana Cardoso Duarte (Porto Alegre), em O Dono de Mim, de Carlos Omar Villela Gomes (São Vicente do Sul) e Bianca Bergmam (Cachoeira do Sul), amadrinhada por Geraldo Trindade (Porto Alegre)
2º lugar - Silvana Andrade, em Aguaceiro
3º lugar - Silvana Giovanini, em O Duelo de Don Blanco

Melhores Amadrinhadores
1º lugar - Danilo Kuhn, em O Duelo de Don Blanco
2º lugar - Henrique Scholz, em Tudo o que Havia de Bueno
3º lugar - Jadir Oliveira Filho e Dhouglas Umabel, em Aguaceiro

terça-feira, 28 de novembro de 2017

"O tempo e a taipa", de Inês Busetti, vence melhor poesia do Enart

Inês Terezinha Busetti,  integrante do CTG Rancho de Gaudérios, da 25ª RT, conquistou pela primeira vez o titulo de melhor poesia do Enart. 

Na velha porteira, à beira do caminho,/ A velha taipa, qual muralha, quase ruína/ Marcada pelo tempo, pelas intempéries,/ Segue açoitada pelo sopro  frio do minuano./ Suas pedras irregulares, roliças, escuras…/ Trazem à mente o tempo de outrora,/ Um tempo de magia, de calma, de rusgas,/ Traçando limites que se vão campo afora”. 

            Assim inicia a obra ‘O Tempo e a Taipa’, que venceu o primeiro lugar na categoria poesia da 32ª edição do Enart. A autora é a professora aposentada Inês Terezinha Busetti, 71 anos, esposa do ex-conselheiro da Fundação Cultural Gaúcha, do MTG, Waldemar Busetti. A inspiração veio de suas próprias lembranças da infância.

            “Me deu saudade, porque meu pai fazia taipas, ele ia com calma e com jeitinho colocando uma pedra junto da outra. É uma parte da história do Rio Grande do Sul e está desaparecendo” – disse Inês, em entrevista à radio Spaço fm, 100.9, de Farroupilha.


O Tempo e a Taipa                           
Flor de Liz

A manhã é fria e debulha o orvalho
Na flor mimosa, que ornamenta o campo,
E o vento Minuano soprando-lhe as folhas
Lançando seu perfume a cada recanto.
Ao longe o sol nascente lança fagulhas
Em cada colina adormecida e calma
E os meus olhos sonolentos e xucros
Embebem essa magia que afaga a alma. 

Essas cores entre verdes e dourados
Tons caprichosamente tingidos pelo sol de inverno
Vão formando esse quadro : “tela campesina”
Tão perfeita obra do “ pintor eterno”.
O divino pincel vai trançando rumos e sina
E nem a rude pedra foge dessa sorte,
A cada passo, lá está ela, serpenteando,
Formando taipas, cruzando de sul a norte.

Na velha porteira, à beira do caminho,
A velha taipa, qual muralha, quase ruína
Marcada pelo tempo, pelas intempéries,
Segue açoitada pelo sopro frio do minuano.
Suas pedras irregulares, roliças, escuras…
Trazem à mente o tempo de outrora,
Um tempo de magia, de calma, de rusgas,
Traçando limites que se vão campo afora.

Se reviverem esses tempos já passados
Ouvirão os cantos plangentes dos negros quebras
Ecoando no ar...lamentos ao vento…
Enquanto põem em seu lugar as pedras
E eles escravos de um tempo desigual
Vão alcançar taipas, mangueiras, muradas
Para durar eternamente demarcando, sinal
Limites de fazenda do patrão, campo e estradas.

Ah! silenciosa e velha taipa!
Recordação do tropeiro tangendo a boiada…
Contando causos, cantando ou floreando gaita.
Tu és testemunha das pendengas do peão,
Dos entreveros, das tropeadas, das reses nas estradas,
Da lida do campeiro, dos pingos altaneiros
A desfilar garboso pela planície e canhadas,
Do amanhecer que alegra o pampa inteiro.


Quantas mãos calejadas, admiraram tuas formas,
E quanto suor, escorreu da pele escura
Do negro, que te erguia do chão,
Para formar esta muralha, que perdura.
Quantas luas se foram desde então…
Tu serviste de abrigo para o rebanho cansado,
Limite para o potro afoito e bardoso,
Pouso para o quero-quero tão alvoroçado.

Ao te ver agora taipa musguenta
Parece-me ouvir ao longe o ranger da carreta,
O canto dolente do índio vago, solito…
Que pelo pampa deixou seus “ recuerdos”
Taipa velha, trilha marcada, serpenteando…
Traço que o vento não apagou,
Sinal de um tempo que se vai ao longe
Legado que o gaúcho no pampa deixou.

Não sei porque quando te contemplo
Meu peito se aperta como se “ chinchado”,
Pelos braços envolventes da saudade.
E minha alma busca trazer versado
Esse sentimento, em singela frase,
Como se pudesse ver o tempo passado, 
E meu olhar saudoso, mirando o infinito,
Agradece aos céus por esse pampa abençoado. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Conto de Cândido Brasil, vencedor do Enart 2017

O MÃO GRANDE     (Pseudônimo: Andarengo)

           Era um homem solitário, de origem desconhecida e fisionomia horripilante, segundo diziam, apesar de não se ter notícia de alguém que o tenha visto pessoalmente. Sua casa ficava localizada na saída da cidade, tomada por mato e aves incomuns como corvos e corujas, e à noite morcegos, muitos morcegos.
            Dizem que perdera a mão direita lutando com um cachorro louco, que o mordeu no pulso, arrancando o membro, enquanto que com a esquerda esfaqueava o animal, até arrancar-lhe a cabeça. Teria sido esta uma das raras vezes em que o teriam enxergado, visto que teria enterrado a própria mão na frente da casa, junto a um cinamomo, que no outro dia amanheceu seco.
             A partir daí espalhou-se a notícia de que a mão do homem havia matado a árvore e criou-se o mito de que ela, a mão, era coisa do mal e o homem recebeu a alcunha de Mão Grande.
            Na pequena localidade, quando as crianças arteiras aprontavam das suas, eram severamente repreendidas e ameaçadas com: - “vou te entregar pro Mão Grande”...
            Os moradores, quando perdiam alguma coisa, pediam para a mão grande, em forma de oração e logo encontravam...
             Apesar de tanto folclore em torno do estranho morador, que não incomodava ninguém, pois não aparecia, fato este que inclusive causava dúvidas em alguns quanto a sua existência, havia um outro morador específico, o Boca, que era o maior falastrão do local, que além de debochar de tudo e todos, desafiava, inventava e mal dizia contra o Mão Grande.
             O Boca dizia que o Mão grande era tão feio, mas tão feio que ele próprio não se olhava no espelho, que não saía de casa para o sol não se esconder de medo, que não tomava banho no rio pra água não fugir e ficar só o leito... Desafiava o Mão Grande a aparecer e mostrar a fuça. Dizia que ia soltar os cachorros para morderem a outra mão.
             Uma feita, durante jogatina e beberagem no boteco da localidade, veio a tona o assunto Mão Grande e o Boca saltou dizendo que não existia e se existisse era um covarde que não mostrava a cara e não aceitava o seu desafio. Os companheiros de trago então provocaram o Boca, dizendo que ele tinha medo do Mão Grande e que não se animava a desenterrar a mão que estava no pátio, na entrada da casa.
             O Boca topou o desafio, encheu-se de coragem e foi, só com uma faca para desenterrar a mão do Mão Grande e demonstrar para os amigos a sua valentia. Chegou na frente da casa, abriu o portão enferrujado e entrou. Os amigos ficaram olhando de longe.
            O Boca ajoelhou-se ao pé do cinamomo seco e começou a cavar. Um buraco, dois, três, quatro, cinco... e nada da mão. Iniciou, parou, reiniciou, até que o cansaço venceu-lhe as forças.
            Tomado de suor e raiva, levantou-se, recolheu algumas pedras e arremessou contra a casa gritando impropérios contra o Mão Grande.          
             Recebendo o silêncio como resposta, o Boca voltou a carga das ofensas, quando então enxergou junto à janela a figura horripilante do proprietário, com olhos assustadores. O Boca deu um salto para trás e saiu em disparada, em completo pavor, segurando o pescoço para recuperar o fôlego. Os amigos chegaram e perguntaram o que havia acontecido, mas pela primeira vez na vida o Boca não disse nada e de cabeça baixa foi para casa.
            Todos pegaram seu rumo, pois já se fazia noite.
            No outro dia, as plantas da frente da casa do Boca amanheceram todas secas. Tomados pela curiosidade os amigos fora até a casa e chamaram pelo Boca, mas ninguém respondeu. Bateram à porta e ninguém apareceu. Decidiram então arrombar a porta e entrar.
           No interior da casa só silêncio. Passaram pela sala e encontraram o Boca sentado na cama, vestido do mesmo jeito que no dia anterior, de olhos arregalados, dentes cerrados e as mãos no pescoço. Ao tentar acorda-lo nenhum sinal de vida. O pavor tomou conta de todos. 
            Baixaram suas mãos e notaram no pescoço do Boca a marca de quatro dedos no lado esquerdo e o que parecia um polegar no lado direito, como sendo uma mão grande tatuada.
            Todos saíram em disparada deixando o Boca morto sobre a própria cama.
           Foram direto ao Posto Policial, a fim de informar o delegado e quando passaram em frente a casa do Mão Grande, surpresos viram o cinamomo verde, com folhas copadas e o jardim da casa florido.