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domingo, 1 de novembro de 2020

Terremoto em Lisboa destrói grande parte da capital portuguesa no ano de 1755

Por Lourenço Lusitano
Publicado no facebook por Valter Fraga Nunes

O terremoto de Lisboa foi a primeira e até agora maior catástrofe natural europeia devidamente registrada
O terremoto de Lisboa (1755) foi a primeira e até agora maior catástrofe natural europeia
 devidamente registrada
 

     Às 9h35 do dia 1 de Novembro de 1755, no dia de Todos-os-Santos, o chão de Lisboa tremia e a catástrofe que se seguiu marcou para sempre a capital de Portugal.

     Um terremoto de força descomunal arrasou a cidade, uma catástrofe que matou milhares de pessoas e sacudindo muito mais do que apenas prédios e palacetes.

    Se estima que 85% dos prédios, incluindo marcos públicos, como o Palácio Real, palacetes, conventos, mosteiros e igrejas, cheias de fiéis por causa do feriado santo, foram abaixo.

     Cientistas que reconstituíram os eventos geológicos de 1º de Novembro, acredita-se que o terremoto tenha atingido uma magnitude entre 8,7 e 9 pontos na escala Richter. O tremor de terra foi seguido por uma tsunami que segundo alguns historiadores as ondas alcançaram 20 metros de altitude. Lisboa também sofreu com vários incêndios que seguiram ao tremor. 

      Outras cidades portuguesas sofreram graves danos. Mas nenhum lugar foi tão devastado quanto Lisboa.

      A tragédia foi maior ainda porque muitos habitantes de Lisboa correram para a beira do Rio Tejo com a intenção de fugir dos desabamentos e dos incêndios que se alastravam pela capital. A região, porém, foi atingida por uma série de tsunamis gerados em decorrência do terremoto. As ondas destruíram o porto e toda a parte baixa da cidade. O que não caiu ou ardeu em chamas acabou carregado pelas águas, um desastre até então inédito na Europa moderna de então.

      Há época Portugal era reinado por D. José I, Lisboa e Portugal ficaram de joelhos após a catástrofe, os escombros do Palácio Real servindo de símbolo. 

      O rei e sua família escaparam da tragédia por estarem fora da cidade, mas viveram como refugiados comuns numa cidade de tendas nas colinas da Ajuda(nos dias atuais conhecido por Alto da Ajuda uma zona da cidade de Lisboa), o soberano ficou traumatizado e se recusou a dormir sob um teto.

RECONSTRUÇÃO de LISBOA

      Portugal não ficou acéfalo porque tinha um primeiro-ministro de nome Sebastião José de Carvalho e Melo (*1699, Lisboa - ✞1782, Pombal) que chamou a responsabilidade para si.  

   Sebastião era nem mais que o Marquês de Pombal (seu título de nobreza).

     Marquês de Pombal comandou esforços de reconstrução impressionantes mesmo nos dias de hoje. A começar pela determinação em mostrar a mão forte do Estado.

      Reis não se envolviam na administração, e as circunstâncias deixaram Pombal ainda mais poderoso. Ele era autoritário, mas é difícil não ter respeito pelo que fez para tentar trazer Portugal de volta à normalidade.

      Pombal convocou batalhões para ajudar no combate aos incêndios e no resgate das vítimas e impôs Lei Marcial para conter saqueadores. Contrariando a doutrina católica, ordenou que cadáveres fossem recolhidos depressa para evitar doenças e atirados ao mar.

      Em 4 de dezembro de 1755, pouco mais de um mês depois da catástrofe, o engenheiro-chefe da corte, Manuel da Maia, já apresentava os planos de reconstrução. Eram cinco alternativas, do abandono da cidade a uma reforma completa. Pombal aprovou a quarta opção, que propunha um radical redesenho da Parte Baixa da capital.

      Lisboa ganhou padronização na construção de casas e edifícios, nos aspectos estético e estrutural: uma trama de vigas de madeira conhecida como "gaiola pombalina", para melhor resistir a sismos, e mais espaçamento entre edificações para prevenir incêndios. Para testar a segurança dos prédios, Pombal criou um "simulador de terremotos"  tropas marchavam ao redor das edificações, criando pequenos temores.

Baixa Pombalina - Assim ficou Lisboa após terramoto, com traçado geométrico

Dos escombros, surgiu a Baixa Pombalina. 

      Seus mais de 235 mil m² viraram um dos mais estudados casos de projetos urbanísticos de larga escala no mundo. Pombal também tomou a decisão de fazer um censo da tragédia: questionários foram enviados a todas as paróquias pedindo informações sobre o terremoto.

      Além de detalhes como rachaduras e intensidade dos tremores, o questionário de Pombal pedia observações sobre o comportamento de animais e mesmo sobre reduções de volume de água em poços. 

"Lisboa capital de Portugal, a mesma Lisboa onde eu nasci 200 anos depois" - Lourenço Lusitano.


Estátua de D. José I - Praça do Comércio (Terreiro do Paço) - D. José I , era o rei de Portugal quando ocorreu o terramoto de 1 de Novembro de 1755.

Por Lourenço Lusitano

domingo, 19 de abril de 2020

Datas Comemorativas - 19 de abril

19 de abril - Dia do Índio?
        A data de 19 de abril foi proposta em 1940, pelas lideranças indígenas do continente que participaram do Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso foi criado o Instituto Indigenista Interamericano, também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos indígenas na América. O Brasil não aderiu imediatamente ao instituto, mas, com a intervenção do Marechal Rondon, apresentou sua adesão e instituiu o Dia do Índio no dia 19 de abril, cumprindo a proposta do Congresso de 1940. A celebração foi criada no governo do presidente Getúlio Vargas, através do decreto-lei 5540, de 1943.

      Daniel Munduruku - Do meu ponto de vista, a palavra índio perdeu o seu sentido. É uma palavra que só desqualifica, remonta a preconceitos. É uma palavra genérica. Esse generalismo esconde toda a diversidade, riqueza, humanidade dos povos indígenas. (Munduruku, pós-doutor em linguística, escritor, autor de mais de 50 livros para crianças, jovens e educadores.)

Dia do Exército

          A data é marcada pela primeira luta dos povos do Brasil contra a dominação holandesa, em 1648, a Batalha de Guararapes. Aqueles brasileiros lutaram sem temor para defender o território colonial do invasor estrangeiro e, ao mesmo tempo, inauguraram um sentimento genuíno de pertencimento à terra e de amor à Pátria.


Nasce Getúlio Dornelles Vargas

  Getúlio Vargas nasceu em 19 de abril de 1882 em São BorjaFilho de Cândida Dornelles Vargas e Manoel do Nascimento Vargas, pertenciam a famílias de estancieiros com prestígio na política local. Getúlio teve quatro irmãos: dois mais velhos, Viriato e Protásio, e dois mais novos, Spartacus e Benjamim. Na adolescência, Getúlio pretendeu seguir a carreira militar. Aos 16 anos alistou-se no batalhão de São Borja e aos 18 foi admitido na Escola Tática e de Tiro de Rio Pardo. Dois anos depois, contudo, foi desligado, por se ter solidarizado com colegas que haviam sido expulsos por um incidente disciplinar. Mas acabou voltando em 1903, na disputa Brasil x Bolivia pelo Acre. Não chegou a lutar e voltando a Porto Alegre foi cursar a faculdade de Direito.

      Na faculdade, Getúlio estreitou laços com o castilhismo e com a juventude
republicana. Acompanhando o debate intelectual de seu tempo, interessou-se também pela doutrina evolucionista de Charles Darwin e Herbert Spencer. Em março de 1909, pouco antes de completar 27 anos, Getúlio Vargas foi eleito deputado estadual (Seu pai, em 1907, tornara-se Intendente de São Borja).

     Casou, em março de 1911, com Darcy Lima Sarmanho, filha do estancieiro e comerciante Antônio Sarmanho. Nos anos seguintes, o casal teria cinco filhos: Lutero, Jandira, Alzira, Manoel e Getúlio. Em outubro de 1922, Vargas foi eleito deputado federal, para completar o mandato de um representante gaúcho que falecera. Quando Washington Luís assumiu a Presidência da República, em 1926, como representante de São Paulo, ficou claro o  acordo pelo qual seu sucessor seria indicado por Minas Gerais. Em agosto de 1929, formou-se a Aliança Liberal, composta por Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, além das forças dissidentes de São Paulo e do Distrito Federal, em apoio às candidaturas de Getúlio Vargas a presidente e João Pessoa a vice. 

    Perdidas as eleições, em 1930, Vargas estava já aceitando a derrota quando João Pessoa foi assassinado em Recife e o movimento ganhou novo fôlego. Em 3 de novembro, Vargas foi reconhecido pela junta governativa chefe do governo provisório da República. Até então, a atuação de Vargas na política pautara-se pela defesa dos princípios federativos, da autonomia dos governadores e do Congresso Nacional. A Revolução de 1930 foi objeto de várias interpretações. Alguns a classificaram como uma revolução burguesa, outros como uma revolução das classes médias, e outros apenas como um golpe militar.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

A Faca - Segundo João Carlos Paixão Côrtes

            Hoje, durante o Programa Identidade Gaúcha fomos provocados pelo mestre Edson Vasques, que sugeriu a leitura dos textos de Paixão Côrtes e Dante de Laytano, sobre este utensilio fundamental para o gaúcho: A Faca.
Facas Querencia Gaucha
          Buscando justificativa na antiguíssima expressão popular "gaúcho de faca na bota", referente à atitude de um gaúcho atrevidaço, despachado, desses "de não levar desaforo pra casa", é que, depois de inúmeras pesquisas, fomos descobrir em Nicolau Dreys e em Debret talvez as primeiras referências sobre o tema.

           Dreys, que esteve por aqui entre 1817 e 1838, ao descrever o gaúcho, fala que na bota direita, traz uma faca de prata, metida em bainha também de prata. Debret, em mais de uma iconografia, fixa esse hábito, em torno de 1823, de índios civilizados, com a faca calçada na parte interna da bota de garrão de potro, no lado que corresponde a parte externa da perna. E porque no lado direito? Era funcionalidade folclórica. Certamente os índios não eram canhotos.
Dessas investigações surgiu um apreciável material sobre a faca, seu uso, importância, tipos denominações dadas pelo gaúcho rio-grandense, material que foi aproveitando para um trabalho conjunto, com o poeta Glaucus Saraiva, para ilustrar, através de breve texto, o tipo de faca que a fábrica Zivi-Hercules lançara no mercado.

           Nossos estudos continuaram e em 1967 a Comissão Estadual de Folclore Rio Grande do Sul, a frente da qual está o professor Dante de Laytano, editou um volume ilustrado sob o título gaúchos de faca na bota. Servimo-nos deste estudo, para o presente trabalho.

           Do sílex paleolítico à idade dos metais, a faca acompanha a História da Humanidade. Dificilmente definiríamos a história social do gaúcho sem a complementação da faca. Na luta, no trabalho, nas lides domésticas, nas artes campeiras, na lenda, na superstição. Da infância da terra à maturidade histórica, a faca é uma constante na vida do gaúcho. Com a faca o gaúcho primitivo tirou as botas garra de potro e nestas apresilhou as velhas esporas nazarenas, com rosetas ponteagudas, que impulsionaram o cavalo.

          Com a faca talhou o couro para retovar as três pedras das boleadeiras, indispensáveis outrora nas lides campeiras e temíveis na guerra. E atou a faca na ponta de uma taquara, quando os clarins reclamaram as lanças crioulas nas estremadas da Pátria. O gaúcho primitivo desprezou a arma de fogo e a nobreza da luta no ferro branco. Com a faca o gaúcho agrediu e defendeu. Faca que, debaixo dos pelegos, tranquiliza o sono.
Facas Don Cassio Selaimen

         Com a faca o gaúcho cortava a própria melena ou aparava trança de china. Tosava de cola e crina e aparava os cascos do pingo nas vésperas de carreira. O guasca enamorado, com a faca apanhou a flor que ofereceu a sua amada. Beijando a cruz da adega, o guasca traído jurou vingança. E o aço que canta corcoveava na bainha bordada de flores. Com a faca, o gaúcho falquejou a canga para os bois puxarem as estradas do Rio Grande.

         Carneadeira, chavasca, prateada, língua de chimango, ferro branco, choto, xerenga... seja qual for a denominação popular, a faca e a adaga estão incorporados à vida do homem sul-riograndense. E tal a sua utilidade que no campo ou na cidade, o gaúcho que se preza tem sua faca à mão.

          A faca sangra a rês, coreia, carneia, prepara a costela para o assado e o couro para o laço, corta o churrasco e apara os tentos. Enquanto o piá, com sua faquinha, prepara o forquilha para o bodoque, a velha, na cozinha, corta o charque para o arroz de carreteiro. Em noites de São João, a gauchinha crava a faca no tronco da bananeira para antecipar a sorte. Com a faca acortando a terra, o campeiro vira o casco, cruzando dois pauzinhos sobre a simpatia infalível.

           Faca não se dá. Faca se vende mesmo de presente, pela moeda de menor valor. E o amigo paga para não perder a amizade. É com a faca que o gaúcho corta o amarelinho para tragar as introspecções do cismarento cigarro de palha. Com a faca, o gaúcho brincou, no jogo do talho, cara a cara. Peleou nos entreveros revolucionários, corpo a corpo; dançou a faca maruja e trabalhou, castrando o gado. Com a faca, o gaúcho falquejou a própria História do Rio Grande, a infância da terra, à maturidade histórica, a faca prolongou o braço do gaúcho.

          A necessidade do emprego da faca pelo gaúcho, em diferentes atividades, aliadas a fatores econômicos e sociais da sua própria formação, faz surgir no comércio rio-grandense variados tipos dessa peça. No entanto, em traços gerais, podemos dizer que a faca gaúcha se caracteriza por ter uma lâmina de secção triangular, com um só gume, sendo a parte superior da lâmina conhecida por lombo ou costas. Apresenta um comprimento em torno de 33 cm, tendo em algumas delas, na lâmina, além do gavião normal, orifícios, ranhuras, entalhes que se relacionam ao trabalho do gaúcho, na sua faina campeira. Os cabos são chatos ou meio oitavados (estão presos ao espigão). Podem ser de madeira ou chifre. Ou ainda, mais delicados, de metal, de prata e ouro, cujas bainhas apresentam desenhos e modernamente cenas ou motivos regionais. A bainha de couro ou metal, ou ainda de chifre. A primeira é usada, principalmente nas lides campeiras diárias, feitas de couro cru ou sola, muitas vezes bordada com finos tentos. Quando de prata ou níquel, pode ser lavrada, cinzelada ou bordada a ouro, com motivos diversos, acompanhando os desenhos do cabo da faca.

            Numa bainha destacamos a ponteira e o bocal, reforços no início e no fim da mesma (às vezes, anel no meio); a espera, responsável por sua fixação na guaiaca. Ampliando a própria bainha, no meio rural, vamos encontrar, as vezes, a chaira, assentador da faca, constituído por uma peça de aço cilíndrica, de comprimento médio de 30 cm, munido de cabo, onde se assenta o fio da lâmina.

            Variando de região para região, a faca pode ser usada na cintura, das seguintes maneiras:

 a) à altura das cadeiras, em posição enviazada, com a parte correspondente ao fio virada para cima, aproveitando o gaúcho, comumente, para no cabo que se destaca, pendurar seu relho, através do fiel. Esse costume é habitual no campeiro fronteirista. 

b) do lado do corpo, com o fio virado para baixo e o cabo inclinado para frente. Em ambas as posições, a faca está segura à cinta ou guaiaca, pela bainha. Pode, no entanto, ficar segura a uma espécie de espera de couro, com alça independente por onde passa o cinto ou a guaiaca, ficando a faca pendurada, aparecendo junto à perna pelo lado externo. Da mesma fornia é usado o facão de mato (não confundir com o punhal). Esta modalidade é encontrada entre gaúchos dos Campos de Cima da Serra. No período em que a moda fazia obrigatório o uso do colete, a cava deste era lugar seguro para o gaúcho da cidade calçar sua pequena faca.

             É chamada de xerenga, caxerengue ou caxerenguen-gue — Faquinha pequena, velha. Julgamos derivar de Ca-xiringuengue — faca velha sem cabo, oriundo do indígena kiceringuengue: de Kice — faca, segundo Coruja, Ou de quice mais reguengue este do afro, segundo Spalding. 


            Estas denominações também são conhecidas em outros Estados do Brasil: Chavasca — fronteirismo galponeiro, possivelmente de Chavascada. Existe, também, chavasco — tosco, grosseiro. Chôío faca pesada, feia. Língua de ximango — formato de lâmina comprida e fina — lembra a língua do ximango, ave de rapina dos campos do Rio Grande do Sul. Ferro branco — de arma branca. Prateada — devido ao cabo ou à bainha (ou ambos) serem de prata ou metal desta cor. Farinheira — de lâmina larga, tornando-se própria para servir farinha no churrasco. Carneadeira — especificamente, própria para tirar couro e evitar furos nos mesmos; com a ponta da lâmina algo volteado para cima. Extensivo a qualquer faca afiada. Adaga — do latim daga.

            Arma de defesa pessoal. Geralmente, possui junto ao cabo uma guarda em forma de S. Tem comprimento maior do que as facas normais; fio nos dois lados de toda a lâmina ou somente na extensão próxima da ponta e ainda um sulco de cada lado da lâmina, no sentido de seu comprimento. O espigão não fica no prolongamento do tombo como nas demais, mas sim no meio da lâmina. Traira — denominação antiga, hoje em desuso. Resbalosa — gíria entre malevas do campo. Cotó - faca pequena, ordinária. Faca de rastro — faca grande ou tipo facão de abrir picada em mato carrasquento.

Fonte: O Gaúcho
danças, trajes artesanatao
João Carlos Paixão Côrtes

domingo, 27 de outubro de 2019

Quando os alemães foram chamados para a Revolução - Um herói entre os farrapos

Hans Ferdinand Albrecht Hermann von Salisch 
Um vulto Alemão heroico da Revolução Farroupilha

Por: Maxsoel Bastos de Freitas
Poeta e escritor


            Para inicio do artigo e uma contextualização histórica devemos relembrar que no dia 25 de julho de 1824, mais de 10 (dez) anos antes do inicio da Revolução Farroupilha, na Província de São Pedro, desembarcou a primeira leva de 39 (trinta e nove) imigrantes alemães na Real Feitoria do Linho Cânhamo, hoje São Leopoldo, totalizando, entre eles 33 (trinta e três) evangélicos e 06 (seis) católicos. 

           Hermann von Salisch, nasceu na cidade alemã de Pomerânia no ano de 1797,  chegou à Colônia São Leopoldo entre os anos de 1824 e 1827. Era um homem poliglota, tradutor juramentado do Fórum, Professor de Música, casou-se em 17 de fevereiro de 1830, em Porto Alegre, com Maria Vitorina Pereira, filha do sargento-mor Vitorino Pereira Coelho e Maria Joaquina da Conceição.

           Em setembro de 1835 com o intuito de aproximar as relações com a colônia alemã os farrapos nomearam Hermann von Salisch Inspetor da Colônia de São Leopoldo. Seu grande opositor na alternância da Inspetoria foi Johann Daniel Hillebrand, cujas ideias se alinhavam com as imperialistas.  

           Em janeiro de 1836 por necessidade de fortalecer as fileiras das forças imperiais por ordem de Araújo Ribeiro, Gaspar de Mena Barreto e João Castro e outros, aliciavam, em São Leopoldo, colonos alemães. Menna Barreto e seus companheiros, depois de terem reunido cerca de 500 (quinhentos) homens alemães, tentaram atravessar o rio dos Sinos, mas foram impedidos por um grupo de cerca de 50 (Cincoenta) patriotas, postados, com um bom numero de colonos, do lado da colônia. Esse grupo era dirigido pelo alemão Hermann von Salisch, entusiasta das ideias liberais farrapas. Com verdadeira ousadia as duas horas da tarde de 21 de janeiro de 1836, retido por um rápido tiroteio, esse cidadão demonstrando sagacidade e muita coragem, empunhando um lenço branco, passou-se sozinho para o campo de guerra do inimigo Gaspar Mena Barreto, com quem discutiu sobre o direito que tinha ele de falar em alemão aos seus patrícios. Conseguiu que o deixassem falar e, em alemão, língua que nem Mena Barreto, nem Castro, nem nenhum dos brasileiros com eles sabia, entusiasmou os seus patrícios pela causa farrapa, terminando por convidá-los a se passarem, com ele, para o lado da colônia, o que todos, prontamente fizeram. Muitos desses patrícios foram incorporar-se aos revolucionários que se aproximavam, nesse mesmo dia, pondo em fuga os chefes legalistas.   


            A importância deste evento para a causa farrapa foi tão grande que o dia 21 de janeiro passou a ser um símbolo de vitória para os farroupilhas e o ato de coragem do Alemão foi registrado na Assembleia por Domingos José de Almeida que recomendou aos brasileiros gratidão aos feitos de Salisch. 

           Também por iniciativa de Salisch em 1836, começou a circular O Colono Alemão. Um periódico impresso em Porto Alegre devido à inexistência de tipografia na Colônia de São Leopoldo, o jornal de Hermann Von Salisch (1797-1837) incitava os colonos a participarem da guerra, embora escrito na língua portuguesa por dificuldades técnicas da época com a tipografia na língua alemã.

          Segundo o registro evangélico de seu falecimento Hermann Von Salisch foi assassinado em Sapucaia, no dia 06 de outubro de 1837, à traição, pelas costas, não sendo identificado o seu assassino. Ele foi sepultado pelo pastor farrapo Klingelhöfer.

Referências:
SPALDING, Walter. A Revolução farroupilha: história popular do grande decênio. #. Ed. Il. – São Paulo: Ed. Nacional, 1982. 
FLORES, Hilda Agnes Hübner. Alemães na Guerra dos Farrapos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995. 
Referencia e fonte: Blog do Leo Ribeiro de Souza

terça-feira, 10 de setembro de 2019

10 de setembro - Vitória republicana na batalha do Seival

           O coronel João da Silva Tavares havia sido o único dos comandantes da Guarda Nacional a permanecer fiel ao Império. Era compadre de Bento Gonçalves, mas não aceitara o convite para conspirar e derrubar o presidente da Província. Ao contrário, foi dos primeiros a pegar em armas, em defesa das posições imperiais.
Antônio de Souza Netto e Silva Tavares - Fonte: Historia Ilustrada do Rio Grande do Sul | RBS
           Na primeira batalha no pampa, em 13 de outubro de 1835, Tavares comandou as tropas que impuseram uma derrota aos farrapos no combate do Arroio Grande, perto de Pelotas. Pouco depois, com o avanço das tropas farroupilhas por toda a Província, ele emigrou para o Uruguai.

           Mas agora, quando a Revolução completa um ano, Tavares retorna ao território brasileiro, "com alarido, como num passeio militar, chamando a atenção dos adversários". É o dia 9 de setembro de 1836. Ele segue às margens do Rio Jaguarão, no município de Bagé, território de António de Souza Netto, a figura mais respeitada das forças farrapas, depois de Bento Gonçalves.

           Tavares faz alto junto ao arroio Candiota. Netto sai ao seu encontro. Tavares posiciona suas tropas no topo da coxilha. Netto posta-se no baixio, depois de atravessar o arroio Seival. Segundo o historiador Othelo Rosa, Tavares tinha 560 homens e Netto, 430. Depois da primeira carga de fogo, as duas forças se atracam à lança e à espada. A vanguarda dos imperiais leva vantagem no primeiro embate. Mas um acidente desorganiza sua ação: quebra-se o freio do cavalo de Tavares, o animal dispara e causa enorme confusão entre os que lutavam. Refeitos, os homens ainda tentam reagir, mas o oficial que comanda o ataque é ferido na coxa, cai do cavalo e sua gente se dispersa.

            "Silva Tavares, completamente destroçado, deixa no campo 180 mortos, 63 feridos e mais de 100 prisioneiros", escreve Othelo Rosa. Não menciona as perdas de Netto. Segundo o historiador Tristão de Alencar Araripe, as baixas dos farrapos "foram mínimas".

            A vitória na Batalha do Seival foi tão completa, tão entusiasmante que Netto, instigado pelos liberais exaltados de seu exército, toma uma decisão dois dias depois, que vai dar outro rumo à rebelião. Ainda no acampamento, diante da tropa perfilada, ele proclama a República Rio-Grandense, separada do Brasil. Estava definido o caráter revolucionário do movimento farroupilha.

            O que levou Netto a proclamara República Rio-Grandense? Esse enigma, nenhum historiador desvendou. É verdade que ele ouviu sugestões de seus oficiais-entre eles, Lucas de Oliveira e Joaquim Pedro Soares - mas também é verdade que era homem de forte personalidade, que tomava decisões sem se influenciar. Além de ser republicano.

           Descrito como alto, elegante, na vida civil Netto era comerciante de gado e criador de cavalos de corrida, com amplo relacionamento nos dois lados da fronteira. Tinha 32 anos e era capitão da Guarda Nacional quando seu grande amigo Bento Gonçalves tomou o poder. Foi um dos primeiros generais da República. Nas batalhas, era um valente, que avançava à frente da tropa. "Melhor cavaleiro que Bento, só Netto", diria o italiano Giuseppe Garibaldi, que se incorporou aos farrapos mais tarde.

           Embora não seja incisivo, Rio-pardense de Macedo opina que, ao proclamar a República, Netto não foi levado apenas pelo entusiasmo da vitória em uma grande batalha. "Ele achava que o conflito com o Império era um caminho sem volta", diz.




segunda-feira, 14 de maio de 2018

Em 2018, 230 anos do nascimento de Bento Gonçalves

            O ano de 2018 está repleto de datas importantes para serem comemoradas. Teríamos os 230 anos do nascimento do General Farroupilha e Presidente da República Rio-grandense, Bento Gonçalves da Silva (23/09/1788), os 180 anos da tomada de Rio Pardo pelos farrapos, 180 anos do Hino Farroupilha, os 180 anos do Jornal "O Povo", 160 anos do Teatro São Pedro (1858), 150 anos do Partenon Literário, 80 anos da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, 70 anos da Comissão Gaúcha de Folclore, do Conjunto Farroupilha e do pioneiro, 35 CTG, 20 anos do Hino Tradicionalista e da inauguração da sede do MTG.

          Um ano, sem dúvida nenhuma repleto de efemérides. Mas em especial comemorarmos os 230 anos do nascimento do grande herói farroupilha, Bento Gonçalves. O homem que os pais queriam ver padre, encilhou seu cavalo e foi para o Uruguai, para ser um militar, um guerreiro e entender a politica. Ao retornar, veio a se tornar o principal líder da Revolução Farroupilha.


           Era primavera, de 1788, na estancia da Piedade, em Triunfo, nascia, no dia 23 de setembro,  o bisneto de Jerônimo de Ornellas e o décimo filho de Joaquim e Perpetua Gonçalves: Bento. Espadachim e cavaleiro habilidoso, Bento sentia prazeres nas lidas do campo. Aos 23 anos apresentou-se  à Companhia de ordenanças de D. Diogo de Souza, que preparava a invasão da Banda oriental. Aos  26 anos casou-se com a uruguaia, Cayetana. Sua formação nacionalista se completa com a entrada para a maçonaria, no ano de 1830.

            Em 1833, como comandante da fronteira de jaguarão, Bento acabou acusado de traição pelo presidente da província, José Mariani tendo que responder na corte, no Rio de Janeiro. Lá Bento demonstrou seu poder de convencimento e, fez sua defesa, frente ao Regente Feijó, sozinho. Ao derrubar a acusação voltou para a província chefe da Guarda nacional. Em 1835, voltou a ser acusado pelo presidente da Província Fernandes Braga, que ele ajudara a colocar no poder. Foi a gota d'água, para a tomada de Porto Alegre iniciando a Revolução Farroupilha.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Hoje é dia do Hino Nacional Brasileiro - 13 de abril

A escolha da data deve-se ao fato de que, na noite do dia 13 de abril de 1831, a música do hino foi tocada pela primeira vez no Teatro São Pedro de Alcântara, na cidade do Rio de Janeiro.

           Até abril de 1831, o hino considerado “nacional” era o Hino da Independência, composto pelo próprio imperador D. Pedro I. O responsável pela criação da música do hino, isto é, da parte instrumental, foi o maestro Francisco Manuel da Silva (1795-1865). A música do hino teria sido composta logo após os acontecimentos que marcaram o dia 7 de abril de 1831. Nesse dia, o então imperador D. Pedro I abdicou do trono a favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara – futuro D. Pedro II. 

        A abdicação de D. Pedro ocorreu em razão de pressões políticas internas e externas ao país. Muitos brasileiros, entre políticos,  jornalistas, artistas e intelectuais, contrários a D. Pedro I e aos lusitanos partidários do imperador, vibraram com a sua abdicação. Francisco Manuel era um deles e compôs o hino para saudar o futuro que viria com o novo imperador, este, sim, nascido no Brasil.

         Quando houve a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, os republicanos desejaram a composição de um novo hino para celebrar o novo regime político. Para tanto, foi realizado um concurso. Entretanto, a nova música selecionada não agradou ao então presidente Deodoro da Fonseca, que optou pela permanência da música de Francisco Manuel da Silva. O hino permaneceu por algum tempo sem uma nova letra, até que, em 1906, um membro do Instituto Nacional de Música, chamado Alberto Nepomuceno, propôs ao presidente da República Afonso Pena uma reforma do Hino Nacional Brasileiro. Essa reforma alteraria alguns elementos da parte instrumental e acrescentaria também uma nova letra.


          Tão logo a reforma foi autorizada, um novo concurso foi feito para eleger a nova letra. O vencedor do concurso foi o professor e poeta Osório Duque-Estrada (1870-1927). A letra de Duque-Estrada tinha a maior parte feita com versos mais longos que os de Ovídio Saraiva (1ª letra), seguindo o modelo apreciado na época e muito utilizado pelos poetas parnasianos, isto é, o verso de dez sílabas métricas com marcação na sexta e na décima sílabas tônicas. Esse verso é conhecido como decassílabo heroico e ajustou-se bem à parte instrumental reformada por Nepomuceno.
Me. Cláudio Fernandes 
Site Brasil Escola

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Se fosse vivo ainda, Barbosa Lessa estaria completando 88 anos

Ainda acho que ele partiu muito cedo. Meu amigo Luiz Carlos Barbosa Lessa, folclorista, músico, escritor, advogado e historiador partiu naquele 11 de março de 2002, precocemente.


BARBOSA LESSA o multimídia do Sul do Brasil

             Luiz Carlos Barbosa Lessa foi um autor/artista múltiplo e inigualável, Este grande nome da cultura gaúcha nasceu em 13 de dezembro de 1929, numa chácara nas imediações da histórica vila de Piratini (capital farroupilha). Sua mãe ensinou-lhe as primeiras letras e as quatro operações, e ainda teoria musical, um pouco de piano e uma grande novidade da época: datilografia.

             Durante o curso ginasial na cidade de Pelotas (Ginásio Gonzaga), aos doze anos de idade fundou um jornalzinho escolar: "O Gonzagueano", e também criou o conjunto-mirim "Os Minuanos". Para cursar o 2º grau colegial transferiu-se para Porto Alegre, ingressando no Colégio Júlio de Castilhos. Aos dezesseis anos passou a colaborar para a revista "Província de São Pedro", e obteve seu primeiro emprego como revisor e repórter da "Revista do Globo".

            No ano seguinte participou da primeira Ronda Crioula/Semana Farroupilha e, munido de um caderno de aula para coletar assinaturas de eventuais interessados em participar da fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas, o "35 CTG", no ano de 1948, e que em 2018 registrará 70 anos. Nessa agremiação pioneira ele retomou o interesse pela música regional e, na falta de repertório, foi criando suas primeiras canções, entre elas a eterna toada "Negrinha do Pastoreio".

            No ano de 1952 tornou-se bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS). Nesta época formou com o amigo Paixão Cortes uma abnegada dupla de pesquisadores, que de 1950 a 1952, realizou levantamentos e produziu a recriação das danças tradicionalistas. O resultado da pesquisa foi o livro "Manual de Danças Gaúchas" e o disco "Danças Gaúchas" (o terceiro LP produzido no Brasil), na voz da cantora paulista Inezita Barroso.

            Incentivou a realização do 1º Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, levado a efeito na cidade de Santa Maria, em 1954, quando apresentou e viu aprovada sua tese "O sentido e o valor do Tradicionalismo". Em 1956 montou um grupo teatral para apresentação de sua comédia musical "Não te Assusta, Zacaria!" e saiu divulgando a cultura gaúcha pelo Rio Grande a fora.

            Nesse mesmo ano, participou do III Congresso Tradicionalista, em Ijuí, onde conheceu a "prenda" Nilza Gonçalves, que lecionava em São Luiz Gonzaga mas com sua família residindo em Uruguaiana. Já então residia em São Paulo. Em 1959 veio autografar seu romance "Os Guaxos" em Porto Alegre, reencontrou Nilza, viajou a Uruguaiana e pediu a mão da moça, levando-a para a capital paulista. Da união dois filhos: Guilherme, hoje analista de sistemas em Porto Alegre, e Valéria, casada com urn norte-americano e residente no estado de New Jersey - USA.

           Lessa residiu na capital paulista até 1974, envolvido com produção de rádio, televisão, teatro e cinema, mas detendo-se, finalmente, na área de propaganda. Retornou a Porto Alegre, para trabalhar na Mercur Publicidade e depois, na CORSAN. No governo Amaral de Souza foi Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado a Casa da Cultura Mário Quintana, pré-inaugurada em 1983. Aposentou-se como jornalista, em 1987.

           A partir dai adotou Camaquã onde manteve até sua morte em 11 de março de 2002, uma pequena reserva ecológica chamada Sítio da Água Grande. Com a esposa Nilza, dedicaram-se a produção artesanal de erva-mate e plantas medicinais. Recebeu o título de Cidadão Camaquense, além de ser Patrono de Honra da Casa do Poeta Camaquense -Capocam.

            Barbosa Lessa tem destacado nome na música e literatura. São dezenas de músicas gravadas (incluindo a música das danças recriadas com Paixão Cortes), num total de 62 títulos. Destaque para o clássico "Negrinho do Pastoreio", o batuque afro-riograndense "Bambaquererê", a missioneira "Balseiros do rio Uruguai", a eterna "Quando sopra o minuano - Levanta gaúcho", e o Hino Tradicionalista, gravado por Manoel Camaquã.

            Na literatura, infatigável edição de livros a álbuns, coincidentemente num mesmo total de 62 títulos. Destaque para o romance "Os Guaxos", prêmio nacional de romance 1959, da Academia Brasileira de Letras, os contos de "Rodeio dos Ventos", o ensaio indigenista "Era de Are", a novela policial "O crime é um caso de Marketing", o ensaio histórico "Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo", e os quadrinhos de "Garibaldi Farroupilha". Após sua morte foi lançada a obra "Prezado Amigo Fulano", último livro escrito pelo autor.

           Em 1999, foi agraciado com o título de um dos 20 Gaúchos que marcaram o Século XX, promoção da RBS. No ano 2000 foi escolhido Patrono da 46ª Feira do Livro de Porto Alegre. Em 2005 após três anos de sua morte foi criada em Camaquã a Associação Amigos da Água Grande, entidade que visa preservar a memória deste grande multimídia do sul do Brasil.

Na imagem, a Revista Lessinha, 
lançada sábado, em Camaquã.
Catullo Fernandes

sábado, 11 de março de 2017

Hoje, 15 anos sem o Mestre, Barbosa Lessa

            Hoje, completa, exatamente, 15 anos que Luiz Carlos Barbosa Lessa nos deixou. Lessa nasceu em Piratini, no dia 13 de dezembro de 1929 e veio a falecer, depois de tres dias no hospital, em Camaquã, dia 11 de março de 2002. Folclorista, escritor, músico, advogado, historiador, produtor executivo de televisão, radialista, secretário de cultura do Rio Grande do Sul e um dos 20 gaúchos que marcaram o seculo XX.

              Ao mesmo tempo em que se dedicava à implantação do tradicionalismo, Lessa passou a pesquisar a música regional. Em 1957, criou a popular toada Negrinho do Pastoreio, canção é baseada na lenda escravo que, ao perder a tropilha de cavalos do patrão, é amarrado e jogado em um formigueiro para morrer. Dentre suas obras mais conhecidas destacam-se "Rodeio dos ventos", um épico sobre como seria vida do povo gaúcho, e "Os guaxos", pelo qual recebeu prêmio em 1959 da Academia Brasileira de Letras.

          Escreveu cerca de 61 obras, entre contos, músicas e romances. Participou intensivamente do processo de construção do Movimento Tradicionalista Gaúcho desde a construção do 35.

          Hoje, sentimos saudades, pois não conseguimos desfrutar de tanto conhecimento. Que descanse em paz nosso grande mestre.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Hoje comemoramos o Dia do Artista Regionalista Gaúcho e o Dia do Trovador

          Teixeirinha e Gildo de Freitas, os Dois Ícones do Regionalismo Gaúcho, em janeiro de 1989 receberam essa significativa homenagem. A Assembléia Legislativo do Estado aprovou a LEI ESTADUAL Nº 8.814, de autoria do então Deputado e Poeta Joaquim Moncks, que fixou o Dia 4 de Dezembro como Dia do Trovador Gauchesco (Patrono GILDO DE FEITAS) e Dia do Artista Regionalista (Patrono TEIXEIRINHA). Esta Lei teve a iniciativa e o trabalho de pesquisa para o projeto de Lei, realizados pelo tradicionalista Paulo Roberto De Fraga Cirne, sendo o material apresentado para aprovação do então Deputado Joaquim Moncks.
TEIXEIRINHA e GILDO De FREITAS
No inverno de 1958, durante um jantar festivo por parte da direção e funcionários da Viação Férrea na churrascaria Gaúcha de Aquiles Magro, apresentou-se a dupla de cantores Gildo de Freitas na gaita e Teixeirinha no violão que, por vezes faziam parcerias. Notam-se que ambos estão sem pilcha e Teixeirinha usava terno e gravata.

          A ASSOCIAÇÃO DE TROVADORES LUIZ MÜLLER, de Sapucaia do Sul, foi criada no mesmo ano, 1989, e também todos os anos faz reverências a data, com homenagens aos dois vates e também ao trovador Mário Bandeira, Patrono Espiritual da Entidade, que também faleceu no dia 4 de dezembro.

           Então, nesta data, a nossa reverência a esses Artistas da Música Regionalista. Gildo de Freitas faleceu em 4 de dezembro de 1983 e Teixeirinha faleceu em 4 de dezembro de 1985. Eles continuam sendo DOIS GRANDES representantes da MÚSICA REGIONALISTA DO RIO GRANDE DO SUL. Não só no Rio Grande do Sul, mas no BRASIL. Também nossa reverência ao saudoso trovador Mário Bandeira.

Colaboração: Israel Lopes

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Velhos costumes, temos de respeita-los

          A colheita da macela é uma tradição que se repete todos os anos no período da Quaresma: na madrugada da Sexta-feira Santa, antes do nascer do sol, as pessoas saem em busca da macela – erva que dá origem a um saboroso chá com propriedades medicinais - nos campos e às beiras das estradas.
       
  Diz a lenda, que as propriedades curativas da macela somente fazem efeito se a planta for colhida na "Sexta-feira Santa" antes do amanhecer. A erva de nome científico Achyrocline satureioides é nativa da flora brasileira também conhecida por macela-do-campo, macelinha, carrapichinho-de-agulha, camomila nacional etc. Popularmente, em algumas regiões, é incorretamente chamada de “marcela”.
          É um arbusto perene que atinge cerca de um metro de altura e que na região sul costuma florescer no mês de março. As flores são amarelas, com cerca de um centímetro de diâmetro, florescendo em pequenos cachos. As folhas são finas e de cor verde-claro, meio acinzentada, que se destaca do restante da vegetação do campo. (Fonte: Wikipedia)

quarta-feira, 11 de março de 2015

Barbosa Lessa - 13 anos sem ele

   
      Lembro-me ainda quando recebi a ligação avisando que falecera, naquela madrugada, de 11 de março de 2002, o principal pesquisador e incentivador das tradições gaúchas, aos 72 anos, no Hospital nossa Senhora Aparecida, em Camaquã. Luiz Carlos Barbosa Lessa nos deixava naquele dia.
         Na infância Barbosa Lessa queria ser peão de estancia, mas o pai lhe exigiu um diploma.  Foi alfabetizado pela mãe, que também lhe ensinou a teoria musical e, uma novidade na época, a datilografia.
          Aos 12 anos fundou na escola o jornal "O Gonzagueano" em que publicou seus primeiros contos regionais. Fundou um grupo musical chamado "Os minuanos" que queria dedicar-se a musica regional, mas era inexistente na época, então passou a cantar sertanejo de raiz e musica urbana brasileira. Veio para a capital estudar e, no colegio Julio de castilhos, a história do Rio Grande do Sul começava a ser mudada. Em 1954 formou-se em direito pela UFRGS, depois de, com seus colegas, fundar o 35 CTG em 1948 e dedicar-se ao regionalismo. De 1950 a 1952 juntamente com o Paixao Cortes, sairam pelo Rio Grande pesquisando nossas danças, usos e costumes, resultando no "Manual de Danças Gaúchas" e o disco long-play (LP), o terceiro produzido no Brasil, Danças Gaúchas, na voz de Inezita Barroso.
 
        Incentivou o primeiro Congresso de CTGs em 1954, onde apresentou a tese "O sentido e o valor do tradicionalismo". Também em 54 foi morar em São Paulo e trabalhar em rádio, televisão, cinema e teatro.
          Barbosa Lessa retornou ao Rio Grande do Sul em 1974 e logo em seguida, 1983, foi convidado à ser Secretário de Cultura do governo Amaral de Souza, e uma de suas maiores realizações foi a criação da casa de Cultura Mário Quintana. Um infinito legado nos deixou. Foi um dos 20 gaúchos que marcaram o seculo XX, promoção da RBS, escolhido pelo voto popular.
          Centenas de obras ficaram no acervo da historia. Escreveu cerca de 61 obras, entre contos, músicas e romances. Participou intensivamente do processo de construção do Movimento que registrou e difundiu a cultura gaúcha do homem do campo.



terça-feira, 10 de março de 2015

150 anos do nascimento de João Simões Lopes Neto


            No dia 9 de março de 1865, nascia em Pelotas, João Simões Lopes Neto. Ano que vem, centenário de seu falecimento (14 de junho de 1916).
          Lopes Neto foi um dos mais importantes precursores da literatura gaúcha, que só alcançou a glória literária, postumamente, em especial, após o lançamento da edição crítica de "Contos Gauchescos" e "Lendas do Sul", em 1949, organizada para a Editora Globo, por Augusto Meyer e, com o decisivo apoio, do editor Henrique Bertaso e de Érico Veríssimo.

         Neto nasceu em Pelotas, na estância da Graça, propriedade de seu avô paterno, o visconde da Graça. Era membro duma tradicional família pelotense, e possuía ancestrais portugueses, de origem tanto açoriana como continental, tendo ambos os seus antepassados emigrado para o Brasil em busca de melhores condições de vida.
          Com treze anos de idade, João Simões Lopes Neto foi ao Rio de Janeiro para estudar no  Colégio Abílio, um dos mais famosos de lá. Retornando ao Rio Grande do Sul, fixou-se em sua terra natal, Pelotas, uma cidade então rica e próspera pelas mais de cinqüenta charqueadas que formavam a base de sua economia.
           J.S.L. Neto envolveu-se em uma série de iniciativas de negócios que incluíram uma fábrica de vidros e uma destilaria. Porém, os negócios fracassaram. Uma guerra civil no Rio Grande do Sul - a Revolução Federalista - abalou duramente a economia local. Depois disso, construiu uma fábrica de cigarros. A marca dos produtos, fumos e cigarros, recebeu o nome de "Diabo", o que gerou protestos de religiosos. Sua audácia empresarial levou-o ainda a montar uma firma para torrar e moer café, e desenvolveu uma fórmula à base de tabaco para combater sarna e carrapatos. Ele fundou ainda uma mineradora, para explorar prata em Santa Catarina.
          No dia 5 de maio de 1892, em Pelotas, Simões Lopes Neto casou-se com Francisca de Paula Meireles Leite, filha de Francisco Meireles Leite e Francisca Josefa Dias. Ele tinha vinte e sete anos de idade e ela, dezenove anos. Não tiveram filhos.
          Entre 15 de outubro e 14 de dezembro de 1893, Simões Lopes Neto, sob o pseudônimo de "Serafim Bemol", e em parceria com Sátiro Clemente e D. Salustiano, escreveram, em forma de folhetim, "A Mandinga", poema em prosa. Mas a própria existência de seus co-autores é questionada. Provavelmente foi uma brincadeira de Simões Lopes Neto.
          Em certa fase da vida, muito empobrecido, sobreviveu como jornalista em Pelotas. Morreu na mesma cidade, aos cinquenta e um anos, de uma úlcera perfurada.
Filme: Contos Gauchescos de Henrique de Freitas Lima
          Simões Lopes Neto publicou apenas quatro livros em sua vida:
Cancioneiro Guasca (1910);
Contos Gauchescos (1912);
Lendas do Sul (1913);
Casos do Romualdo (1914);

Obras inéditas
          Ao lançar a primeira edição de "Lendas do Sul", seu autor anunciou que estavam por sair "Casos do Romualdo", que viria a ser lançado em 1914, e "Terra Gaúcha" e a existência das obras inéditas "Peona e Dona", "Jango Jorge", "Prata do Taió" e "Palavras Viajantes". 
          Mas dessas obras só foram encontradas por Dona Velha, como era conhecida a viúva do escritor, o que seria o segundo volume de "Terra Gaúcha".
Dos demais, nada se encontrou, levando a crer que, ao se referir a inéditos, Simões Lopes Neto tinha em mente obras que ainda planejava escrever. Terra Gaúcha, embora incompleta, foi publicada pela Editora Sulina, de Porto Alegre, em 1955.

terça-feira, 3 de março de 2015

170 anos da Paz de Ponche Verde... e o que temos ouvido falar pelo Rio Grande?

  Data importantíssima passou neste final de semana. Os 170 anos da paz de Ponche Verde. Ouço os laços fazerem "zummm"... Ouço o tilintar das esporas nos tablados. Ouço versos declamados e cantados. Mas o que nos remete à nossa história? O que está nos fazendo refletir sobre um estado guerreiro, que hoje se "achica" frente à desmandos?
       
          Acredito que a passagem desta data faça-nos repensar nossas atitudes. O que os "agouros" mais querem é que cada um puxe para um lado, deixando o real problema e os reais objetivos de lado. 
          Pensem, e tenham todos um bom dia! Meu mate já ta lavado!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

11 de fevereiro - Dia do Campeiro

          Não podemos deixar de registrar a data do dia 11 de fevereiro, uqe marca o dia do campeiro. O patrono deste dia é "Maneco Pereira, o homem que laçava com o pé".
          Manoel Bento Pereira, ou Maneco Pereira, foi o maior laçador que o Rio Grande do Sul conheceu em todos os tempos. Ele nasceu no dia 18 de junho de 1848, no município de Rio Pardo. Ainda criança, foi com a família para a "Estância do Curral de Pedras", no município de Rosário do Sul, onde seu pai trabalhou de capataz.

          A "Curral de Pedras" era no século XIX uma das maiores estâncias do sul do estado. Hoje ela está dividida em mais de 10 fazendas, todas de regular tamanho, o que demonstra sua grandeza. O rebanho de gado alcançava mais de 42 mil cabeças.

          "Maneco Pereira" foi um laçador que tanto pealava e laçava com as mãos como com os pés, e não fazia isso por acaso, bastava advir ocasião. Com o laço nas mãos só não fazia chover. Era como um artista fazendo demonstrações da sua arte, num palco de diversões.
          
         Faleceu no dia 11 de fevereiro de 1926 tendo sido sepultado no dia seguinte no Cemitério do Joanico, situado no Batovi.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Tá chegando o 4 de dezembro...

             Esta chegando o dia 04 de dezembro, dia do repentista gaúcho, data é regida por lei estadual como o Dia do Artista Regionalista Gaúcho e do Poeta Repentista Gaúcho, em virtude de marcar como falecimento de Vitor Mateus Teixeira - Teixeirinha, em 1985 e Gildo de Freitas, em 1982. 
          A lei 8814, de 10 de janeiro, de 1989, de autoria do deputado Joaquim Moncks (o mesmo da lei das pilchas), é uma homenagem aos dois referenciais da cultura popular do estado e aos atuais artistas regionalistas e repentistas do Rio Grande do Sul.
          O que nossos CTGs estarão planejando para essa data? Ano que vem, 30 anos da morte de Teixeirinha. O que teremos nos calendários de nossas entidades? Serão 180 anos da Revolução Farroupilha, 170 anos da Paz de Ponche Verde...335 anos da criação da Colonia do Sacramento... os departamentos culturais das entidades deveriam ir se preocupando com isso...

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Conheças a Colonia do Santíssimo Sacramento, local da Chama Crioula 2015

No início, os portugueses traficavam escravos e contrabandeavam couros no Rio da Prata, além do Meridiano de Tordesilhas. Em 1680, fundam a Colônia do Santíssimo Sacramento e dividiram o controle do comércio com os espanhóis.

O rio da Prata, que os guaranis chamavam Paraná-Guaçu (mar grande), fascinou os navegadores que desciam até o extremo sul, explorando a costa. Muitos acreditaram que poderiam alcançar o Pacífico, navegando por suas águas.
A Espanha, mandou Juan Dias Solis assinalar a posse do estuário. Solis fez o reconhecimento, ergueu um marco e retornou à Espanha, levando quatro charruas. Solis voltou um ano depois, sem os nativos. Quando entrou no estuário, viu um grupo de índios acenando. Achou que eram gestos amistosos, desembarcou numa canoa, com dois oficiais e oito soldados da sua tropa. Mal tocam o pé em terra, foram massacrados pelos charruas. Só um, Francisco Puerto, escapou. A partir da tragédia, o vasto estuário tomou o nome de Rio de Solis, e não cessaram as viagens de exploração. Sebastião Caboto percorreu todo o rio, até o Paraná, e encontrou náufragos e sobreviventes de várias expedições, vivendo entre os Indios.

Quando Portugal e Espanha se uniram sob a coroa do rei Felipe II, a partire de 1580, os portugueses aproveitaram para consolidar sua posição no Prata. Na fundação de Buenos Aires, um quarto da população era portuguesa. Em 1640, os reinos se separaram e reacederam as seculares disputas. Os espanhóis tentando alijar os portugueses do comercio do prata e, por outro lado, os portugueses, através de Manoel Lobo, fundava a colônia do santíssimo sacramento, defronte ao território de Buenos Aires, desviando para o Brasil enormes quantidades de prata e ouro, em troca de escravos negros e açúcar.

Um século sem trégua
Assediada pelos espanhóis de Buenos Aires, desde os primeiros momentos, a Colônia do Sacramento teve raros dias de paz. Por 97 anos, a luta de Portugal Espanha por sua posse envolveu as principais chancelarias europeias em batalhas diplomáticas e man¬chou o pampa de sanque.

7 de agosto de 1680
Sete meses depois da fundação, Sacramento é destruída pelos espanhóis. Em 7 de maio de 1681, é devolvida a Portugal por intervenção do papa.

17 de outubro de 1704
Sitiada, resiste até 15 de março de 1705, quan os portugueses abandonam o lugar. É devolvida a Portugal pelo Tratado de Utrecht, de 1715.

10 de novembro de 1735
Novo sítio espanhol. O armistício é assinado em 21/3/1737 e confirmado pelo Tratado de Madri, de 1750.

06 de outubro de 1762
Depois de 16 meses sitiada, a Colônia é tomada pelos espanhóis. Mas volta aos portugueses 25 dias depois. O Tratado de Paris, de 1763, confirma.

1° de outubro de 1776

Atacada, Sacramento se rende em 31 de maio de 1777. No mesmo ano, o Tratado de Santo Ildefonso ratifica sua posse pela Espanha. Em troca, os portugueses ganham a região dos Sete Povos.