quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A provincia nos anos 30 do seculo XIX

Presidia a província de São Pedro do Rio Grande do Sul, nomeado pelo poder central, sem apoio de partido político local, Antonio Rodrigues Fernandes de Braga. Não muito diferente dos dias atuais, tal atitude desagradava a elite local, provocando intrigas entre as oligarquias provinciais, que buscavam o poder através das distribuições dos cargos públicos. Em 1831 foi criada a Guarda Nacional, que mesmo pertencendo a uma “segunda linha” do exercito imperial, era melhor aparelhada e permanecia em poder dos chefes políticos locais.
A Revolução Farroupilha não foi um movimento que tenha surgido da noite para o dia, na verdade foi se estruturando ao longo do tempo pela insatisfação daqueles que eram responsáveis pela manutenção do território, bem como pela economia da província.

O movimento encontrou forças principalmente na economia e na política. Diferentemente de outras províncias, cuja produção de gêneros primários se voltava para o mercado externo, como o açúcar e o café, a do Rio Grande do Sul produzia principalmente para o mercado interno. Os principais produtos eram o charque e o couro.

As charqueadas produziam para a alimentação dos escravos, indo em grande quantidade para abastecer a atividade mineradora nas Minas Gerais, para as plantações de cana-de-açúcar e para a região sudeste, onde se iniciava a cafeicultura. A região, desse modo, encontrava-se muito dependente do mercado brasileiro de charque, que com o câmbio supervalorizado, e benefícios tarifários, podia importar o produto por custo mais baixo do Uruguai que competia com o abate de gado da região, pondo em risco a viabilidade econômica das charqueadas sul-rio-grandenses.
Por conseqüência, o charque rio-grandense tinha preço maior do que o charque oriundo da Argentina e do Uruguai, perdendo assim competitividade no mercado interno. A tributação da concorrência externa era uma exigência dos estancieiros e charqueadores, que viam nessa tributação a possibilidade de uma livre concorrência.
Os principais compradores brasileiros que eram os que detinham as concessões das lavras de mineração, os produtores de cana-de-açúcar e os cafeicultores, não viam com bons olhos a idéia de tributação, pois veriam reduzida a lucratividade das mesmas, por aumentar os gastos na manutenção dos escravos.

Devido às disputas territoriais na região de fronteira, o Rio Grande do Sul, nunca foi uma Capitania Hereditária no período colonial e, sim, parte de seu território, desde o século XVII ocupado por um sistema de concessão de terras a chefes militares. Os rio-grandenses, fosse por uma posição estratégica ou por posição geográfica, conviviam com os índios, com os espanhóis, com as disputas permanentes de território, com o nascimento de novas nações, com impérios e repúblicas, com imigrantes que traziam sua religião, sua posição política, ideologias, conviviam ainda com os portugueses exilados e com brasileiros que eram destacados, como punição, para o sul. A monarquia era vista como retrógada, sinônimo de atraso, de autoritarismo e de ignorância social.

Nenhum comentário: