quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A estátua e o Articulista, Por Manoelito Savaris

Presidente do IGTF, Manoelito Carlos Savaris, responde sobre coluna do jornalista Juremir Machado da Silva, ao correio do povo sobre o artigo " A Estátua e Eu".

A Feira do Livro de Porto Alegre é um dos eventos mais importantes do Estado, seja porque atrai milhares de pessoas, seja porque trata de cultura, de educação, de literatura. Na Feira do Livro o que vale é a inteligência. A capacidade física pouco conta. A beleza exterior também não é o principal.

Iniciativa interessante é a escolha do Patrono da Feira do Livro. São valorizados autores que se destacam pelo que escreveram, servindo de homenagem aos candidatos a Patrono e de modelo para quem almeja ser um escritor. O método de escolha não é perfeito, por certo, mas é democrático.

Neste ano de 2010 são cinco os candidatos a patrono: Airton Ortiz, Jane Tutikian, Luis Augusto Fischer, João Carlos Paixão Cortes e Juremir Machado da Silva. Este último tem figurado entre os candidatos várias vezes nos últimos anos.

Todos os candidatos são bons escritores e merecem a indicação a patrono. Só o fato de ser indicado já representa uma homenagem e um reconhecimento pela obra produzida. Mas o que chamou a atenção dos leitores do jornal Correio do Povo foi a coluna escrita por Juremir Machado no dia 18 de agosto. Ele, candidato, dedicou-se a analisar, criticar e elogiar os demais candidatos, fazendo pontaria, especialmente, na figura de Paixão Cortes que denomina de “a estátua”.

Sem desmerecer a opinião do renomado articulista e nem menosprezar a sua inteligência, sinto-me estimulado a emitir alguns conceitos a respeito do que ele escreveu. É sempre bom lembrar que o Juremir é historiador, se auto-intitula “escritor maldito”, já criticou veementemente os tradicionalistas naquele mesmo jornal e não perde oportunidade de, entre uma risadinha e outra, disparar seus dardos na direção do tradicionalismo gaúcho e das comemorações relativas à Revolução Farroupilha.

Na recente coluna “A estátua e eu”, o inteligente escritor mescla elogios “talvez sinceros” e críticas venenosas ao renomado folclorista e tradicionalista Paixão Cortes. Faz questão de ser reconhecido como santanense, comparando-se a Carlos Urbin e à estátua, aliás, Paixão Cortes.

O articulista sabe bem que uma estátua é algo inanimado. Só ganha vida no imaginário das pessoas, sem a ter de verdade. Uma estátua nada produz, não escreve, não pensa, só representa. Pode e deve ser homenageada, nunca reconhecida como inteligente. Paixão é uma estátua. Ou será que o articulista quis dizer que a estátua do Laçador é o Paixão? Difícil responder em se tratando de um mestre no faz de conta.

De certo temos cinco postulantes ao título. Cinco candidatos fortes e merecedores, não pelo que representam para os outros, mas pela contribuição que estão dando para a sociedade na área da literatura. Bem, confesso que não tenho convicção se um livro como “O Gaúcho” de Paixão Cortes, pode ser incluído no conceito de literatura. Acho que o Juremir não o inclui, assim como afirma categoricamente: “Paixão nunca escreveu um grande livro”. E, os que escreveu, segundo o articulista, são um amontoado de fragmentos e invenções. Também não sei o que é “um grande livro”!

Mesmo estando sob suspeição, em razão da minha evidente preferência pelo Paixão diante do Juremir e pelo meu engajamento no Movimento cujo responsável maior é o Paixão, arrisco-me a dizer que para a cultura regional e para o conhecimento da identidade regional, o Paixão dá de relho em muitos escritores que publicaram “grandes livros”. 60 anos de pesquisa, dezenas de obras publicando estas pesquisas, uma vida dedicada à cultura e ao folclore sul-rio-grandense faz de Paixão um legítimo postulante ao título de Patrono da Feira do Livro da Capital de todos os gaúchos. Eleito! Não por “decreto”, como prega o postulante articulista.

Paixão Cortes, seja qual for a escolha do Patrono da Feira do Livro de 2010, serás eternamente reconhecido como um ícone do tradicionalismo, um dos maiores folcloristas gaúchos, um dos melhores pesquisadores que trabalhou no IGTF, o criador da Chama Crioula e um cidadão comprometido com a tua Terra. O Laçador não permitirá que nos esqueçamos disso!

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