terça-feira, 3 de agosto de 2010

Chimarrão... mais que uma bebida


O Chimarrão é um legado do índio Guarani. Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul, ou seja, na tradição representativa do nosso pago. Também conhecido como mate amargo, é o símbolo da hospitalidade e da amizade do gaúcho. É o mate cevado sem açúcar, preparado em uma cuia, é sorvido através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate, planta nativa das matas sul-americanas, inclusive no Rio Grande do Sul.
O homem branco, ao chegar no pago gaúcho, encontrou o índio guarani tomando o CAA , em porongo, sorvendo o CAÁ-Y, através do TACUAPI.

Podemos dizer, que o chimarrão é a inspiração do aconchego, é o espírito democrático, é o costume que, de mão - em - mão, mantém acesa a chama da tradição, do afeto, que habita os ranchos, os galpões dos mais longínquos rincões do pago cá do sul, chegando a ser o maior veículo de comunicação.
O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para a infusão do mate. Atualmente, por extensão passou a designar o conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto.
O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo regional. O Chimarrão é um hábito, uma espécie de resistência cultural espontânea.
Os avios do mate, ou seja, os apetrechos, é o conjunto de utensílios usados para fazer o mate. Os avios do mate são fundamentalmente a cuia e a bomba.

VOCABULÁRIO:
Caá = erva-mate
Caá-y = bebida do mate = chimarrão
Tacuapi= bomba primitiva, feita de taquara pelos índios guaranis.

O MATE E A SUA INTIMIDADE

O ato de preparar um mate é dito “cevar um mate”, ou “fechar u, mate”, ou “fazer um mate” ou ainda” enfrenar um mate”.
A palavra amargo é muito usada em lugar de mate ou chimarrão.
O convite para tomar um mate é feito das seguintes formas:
 Vamos matear?
 Vamos chimarrear?
 Vamos verdear?
 Vamos amarguear?
 Vamos apertar um mate?
 Vamos tomar um chimarrão?
 Vamos tomar mate ou um mate?
 Que tal um mate?

O mate pode ser tomado de três maneiras, em relação a companhia:
MATE SOLITO: quando não precisa de estímulo maior para matear, a não ser a sua própria vontade. É o verdadeiro mateador.

MATE DE PARCERIA: quando se espera por um ou mais companheiros para matear a fim de motivar o mate, pois não gosta de matear sozinho.

RODA DE MATE: é na roda de mate, que esta tradição assume seu apogeu, agrupando pessoas sem distinção de raça, credo, cor ou posse material. Irmanados num clima de respeito, o mate integra gerações numa trança de usos e costumes, que floresce na intimidade gaúcha.

O gaúcho nunca pede um mate, por mais vontade que tenha. Poderá sugeri-lo de uma forma sutil, esperando que lhe ofereçam. O mate tem a propriedade sagrada de unir os casais, harmonizar os filhos, despertar a intimidade, que solidifica o núcleo familiar.

O chimarrão é rico em poesia. Antigamente, quando os namoros eram de longe, através de troca de olhares, os apaixonados utilizavam o mate como meio de comunicação e, de acordo com o que era posto na cuia, a mensagem era recebida e interpretada. Ao longo de sua história, o chimarrão é utilizado como veículo sutil de comunicação com objetivos sentimentais. Atualmente, os costumes mudaram, mas o hábito do chimarrão permanece cada vez mais forte, caracterizando o povo gaúcho.

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