sábado, 8 de setembro de 2012

Nosso orgulho... Tropa de EliTche na Zero Hora


Gauchinhos cearenses e farroupilhas de coração
Apesar de não terem nascido no Estado, irmãos do Ceará mostram amor às tradições gaúchas

Bruna Scirea
bruna.scirea@zerohora.com.br

Quem via os guris de peito inflado debaixo da pilcha, a montar cavalos com a seriedade que a tradição requer, até pensava que se tratava de frutos da terra. Mas os irmãos que na tarde de ontem conduziam a chama pelas ruas da Capital até o Acampamento Farroupilha, não tinham o Rio Grande do Sul na identidade. Suas raízes brotavam do coração.

Os cearenses Matheus Menezes, 12 anos, e Leonardo, 14 anos, eram dois dos cavalarianos condutores do fogo que, aceso em Venâncio Aires, percorreu municípios gaúchos e, na tarde de ontem, se deslocava da zona sul de Porto Alegre para se fundir com a centelha do fogo simbólico da pátria. A união das labaredas resultaria na Chama Crioula — marco oficial do início dos festejos farroupilhas.

Se lá, no alto do animal, os lenços vermelhos resplandeciam como a garra de um povo, é porque refletiam um esforço. Há seis meses, a dupla nem sequer sabia andar a cavalo. Filhos de pais gaúchos, nasceram em Fortaleza e, apesar da pouca idade, viveram em cidades como Porto Velho e Brasília. Só que não caíram longe do pé.

Quando se mudaram para o Rio Grande do Sul, há quatro anos, aprenderam a tocar percussão, declamar e dançar. Também tosam crina de cavalo, assam churrasco no chão e preparam o chimarrão da família. Matheus é o piá e Leonardo é o guri farroupilha da 1ª Região Tradicionalista. Na tarde de ontem, vindos de longe, cruzavam ruas em honra a um dos rituais mais esperados do Estado.

— Foram eles que nos motivaram a voltar aos olhos para a tradição da nossa terra — explica Téofilo Menezes, pai do meninos.

Matheus (E) e Leonardo (c) ao lado do meu filho, Jean... Nossa Tropa de EliTchê
O sol já repousava sobre o horizonte quando os cavalarianos abriram espaço na multidão. Enfileirados, traziam o fogo e a centelha. Menezes, de longe, observava os filhos. Eram aqueles de camisa azul e distintivo em couro no peito, que, com postura de seriedade e respeito, se posicionavam em frente ao palco central do acampamento.

O menor, mas mais exibido, é o Matheus — distinguia o pai, orgulhoso.

O momento do acendimento da Chama Crioula, Leonardo preferiu traduzir assim:

Gaúcho não é só quem nasce aqui. Tem os de espírito também.

Um comentário:

Nos Caminhos da Tradição disse...

Emocionante, Rogério. É por isso que nós, ainda acreditamos que a educação do país pode mudar.