segunda-feira, 4 de abril de 2011

Os Jesuitas no território gaúcho (Missões) II

A segunda fase dos jesuítas no território gaúcho ocorre a partir do ano de 1682, com o objetivo de retomar a tarefa interrompida em 1642, quando foram expulsos pela ação dos bandeirantes paulistas. No retorno ao território houve uma mudança no modelo de redução dos indígenas. Neste segundo momento os jusuítas criaram verdadeiras cidades, com a construção de estruturas físicas que serviam tanto para abrigar as atividades da “aldeia”, mas também para a defesa da povoação. Sob o ponto de vista estratégico, os índios missioneiros serviam aos interesses espanhóis como barreira ao avanço português ao sul.

Assim surgiram as Missões. Foram fundados sete povos no território sul-rio-grandense: São Borja em 1682; São Nicolau em 1687; São Luiz Gonzaga em 1687; São Miguel em 1687; São Lourenço Mártir em 1690; São João Batista em 1697; e Santo Ângelo Custódio no ano de 1706.


Os Sete Povos instalados no Rio Grande do Sul faziam parte dos trinta povoados missioneiros integrados no colonialismo espanhol, caracterizados por núcleos urbanizados no interior.


Em cada povoado havia dois grandes setores, o urbano onde ficavam as moradias, a igreja e a administração e outro setor rural, com estâncias, currais, ervais e lavouras. As lavouras eram denominadas de Abambaé e Tupambaé.


O Abambaé origina-se na economia tribal guarani, era a propriedade particular de cada família. Por seu lado o Tupambaé deriva do comunitarismo jesuítico. Este segundo tipo de propriedade é coletivo. Os indígenas trabalhavam dois dias por semana no Tupambaé e o restante no Abambaé.


Com o Tratado de Madrid, assinado entre Portugal e Espanha, criou-se o grande conflito entre os dois reinos e os Sete Povos das Missões. O acordo previa que Portugal entregaria a Colônia de Sacramento para a Espanha e esta entregaria os Sete Povos das Missões para Portugal. Os habitantes de cada uma das possessões deveria migrar para locais determinados pelos dois reinos.


Os guaranis não aceitaram abandonar suas casas e lavouras e organizaram a resistência. Eclode a Guerra Guaranítica em março de 1754. O exército português foi comandado por Gomes Freire, o exército espanhol foi liderado por D. José de Andonaegui. Conjuntamente o exército português/espanhol contava com aproximadamente 2.600 soldados.


Os indígenas eram comandados por Sepé Tiarayú que no dia 7 de fevereiro de 1756 às margens da sanga da Bica, atualmente região urbana da cidade de São Gabriel. Três dias depois da morte de Sepé Tiarayú, travou-se o combate mais destacado e trágico da guerra. O novo comandante Nicolau Nhenguiru, liderou 1800 índios que foram massacrados pelas tropas contrárias na batalha de Caiboaté.


A guerra não terminou no Caiboaté, mas depois da morte de tantos guerreiros, as missões ficaram praticamente a disposição do exército conjunto dos portugueses e espanhóis. Os índios ainda tentaram impedir o avanço dos invasores, mas não houve outro combate importante. São Miguel foi o primeiro “pueblo” a ser ocupado, em 16 de maio de 1756. Na seqüência foram ocupados San Lorenzo, San Luís, San Juan, San Nicolas, San Borja. Os portugueses acamparam em San Angel e os espanhóis em San Juan.


Assim, tragicamente, foi sepultada a experiência missioneira no Rio Grande do Sul, da qual pouca coisa restou: algumas ruínas e os registros históricos escritos pelos jesuítas. Em termos culturais restaram poucas marcas como pouca foi a influencia desse período da formação da sociedade gaúcha.


Texto de Manoelito Savaris

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom! Me ajudou bastante :)