sábado, 27 de outubro de 2018

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte XXII

Por: Jeandro Garcia

 Auguste de Saint-Hilaire
Europeus - pelota - castidade

      Apesar dos problemas da estância do sacerdote, foi recompensado na estância seguinte, outrora rica, mas que sofreu muito com as invasões inimigas e agora com as constantes requisições de gado para manter as tropas que combatem na província. Mesmo assim foram lhe dadas todas as provisões que necessitava.

     O europeu que chega mesmo tendo aprendido algum ofício ou sido criado no ambiente agrícola de certo modo despreza a vida quase selvagem e grosseira que muitos levam aqui. Mas logo o que os apaixona são os cavalos e o gado, imitam tudo sem querer ficar em inferioridade aos outros, aprendem a montar tão bem quanto lhes ensinam. Desde criança o sentimento de superioridade lhe é forçado, este prazer surge tão logo tem seu primeiro cavalo, aprende a fazer rodeios, ajuda a matar e retalhar um boi.

      Ao chegar ao Rio Butuí foi necessário descarregar a carroça e transpor utilizando a pelota, que é simplesmente um couro amarrado pelas quatro pontas, onde o mesmo forma uma espécie de barco, onde é possível levantar a carga e até mesmo Saint Hilaire faz a travessia dentro dela, que é puxada a nado por seu empregado.

     N a estância do Marechal todos estão ausentes, apenas índias e um doente, resolvem banhar-se no rio e logo índias vem e entram na água, ajeitam os cabelos, fazem tranças e após vestem roupas limpas.

      A tarde dançam com meus homens e não foi difícil adivinhar como o dia acabou. A castidade o faz resistir aos mais violentos desejos, é com certeza a virtude que mais exige a ideia obsessiva de futuro, como poderiam então as índias serem castas, se para elas não existe quase o amanhã?

Pela manhã Mariano garante o seu engano, relata que ficaram parte da noite as perseguindo, mas encontraram nelas a mais bela resistência. Saint Hilaire custa a acreditar, mas se for verdade não sabe como explicar.

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