sábado, 21 de abril de 2018

Sobre um tema para a Semana Farroupilha 2018 - Festejos Farroupilhas do Rio Grande do Sul

 
         A temática dos Festejos Farroupilhas era feita, até o final do seculo passado, em cada cidade, em cada região. Então, a partir de uma particularidade local extraia-se um tema. Todo estado realizava a Semana Farroupilha, mas sem um grande impacto. Cada um do seu jeito. Assim como era o acendimento da Chama Crioula.

           Quando, em 1947, os jovens alunos do colégio Júlio de Castilhos realizaram a primeira Ronda Crioula, depois que o "grupo dos oito" fez o translado dos restos mortais do general farroupilha, David Canabarro, não imaginavam onde chegaria tal ação. Poderia ter sido somente um evento na escola, mas a repercussão e o trato dado por Manoelito de Ornellas, destacou a atividade, em uma época bastante difícil e contraditória para tais interesses.
Criada pela agencia Parla, que prestava serviços para o SESC, parceiros dos Festejos, foi a Logo escolhida e eternizada
           Entre 1999 e 2002, tentou-se uma temática, com maior incidência na 1ª Região Tradicionalista, mas, feito também em outras. Temas trabalhados: 1999 – Os lanceiros Negros; 2000 – A mulher Gaúcha; 2001 - A República e, 2002 - A mulher. Não existia uma folheteria estadual. Foi a partir do ano de 2003, com o tema - Soldado Farrapo: O herói anônimo, que foi realizado o primeiro desfile temático (com carros feitos propriamente para isso, por artistas plásticos, muitos oriundos do Caranaval e da ChocoFest. O empenho do então governador do estado, Germano Rigotto, do Secretário de Estado do Turismo, Luis Augusto Lara e do presidente do MTG, Manoelito Carlos Savaris, além da dedicação e voluntariado dos tradicionalistas, que o tema ecoou por todo estado e pelo Brasil.
Luis Augusto Lara (E), Germano Rigotto (C) e Manoelito Carlos Savaris
           A partir dai todos os anos era escolhido um tema que todo Rio Grande trabalhava em uníssono:
2004 – Os Ideais Farroupilhas 
2005 – O Gaúcho: Usos e Costumes
2006 – Assim se fez o Gaúcho
2007 – Assim se movimentou o gaúcho
2008 – Nossos símbolos: Nosso orgulho 
2009 – Os farroupilhas e suas façanhas
2010 – Farroupilhas: Ideais, cidadania e revolução
2011 – Nossas raízes
2012 – Nossas riquezas
2013 – O RS no imaginário Social
2014 – Eu sou do Sul
2015 – Campeirismo Gaúcho: Sua importância cultural e social
2016 – A Republica das Carretas – 180 anos da proclamação da Republica Rio Grandense
2017 – Farroupilhas: Idealistas, revolucionários e fazedores de história


Fica bem claro, ao analisarmos as temáticas, que dois grandes temas são discutidos: O Rio-grandense (farroupilhas) e o Gaúcho, propriamente dito. Os anos de 2003, 2004, 2009, 2010, 2016 e 2017 foi tratado da Revolução Farroupilha e 2005, 2006, 2007, 2008, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015 - O Gaúcho. 
            Chama Crioula


            Uma fogueira sempre mexe com os nossos pensamentos. Um fogo de noite pode significar muita coisa. Pode ser um luau, pode ser magia...Tem gente que adora. Outros, morrem de medo. Por que será?

            Em todos os povos e culturas, o fogo sempre foi associado às forças espirituais. É símbolo da divindade e das chamas do inferno. Ao mesmo tempo, o fogo é, dos quatro elementos da natureza, o mais sutil. Afinal de contas é o único com o qual a gente não pode entrar em contato direto.

            O fogo é fonte de luz e nos aquece. Mas ninguém pode tomar banho no fogo, respirar fogo ou pegar fogo sem se ferir. O fogo fere porque ele é pura transformação. Nunca é igual, nem a si mesmo. O fogo aquece nosso coração, ilumina as trevas da Noite e por isso tem importância em rituais de magia, é idolatrado por alguns, serve de inspiração para outros e ainda pode ser considerado símbolo da paixão. Como se vê, o fogo está sempre presente: não só como instrumento da humanidade para dominar a natureza, mas como símbolo de nossos próprios sonhos.

            Antiguidade

            Na antiguidade, o fogo era considerado sagrado por muitos povos, incluindo os gregos que tinham uma lenda segundo a qual o fogo teria sido entregue aos mortais por Prometeu, que o roubara a Zeus. Devido à importância do fogo, em muitos templos eram mantidas chamas acesas permanentemente. Este era o caso do templo de Hestia, na cidade de Olímpia.

            Segundo se sabe, a tradição de manter um fogo aceso durante os Jogos Olímpicos remonta à antiguidade, quando se efetuavam sacrifícios a Zeus. Nessas cerimônias, os sacerdotes acendiam uma tocha e o atleta que vencesse uma corrida até ao local onde se encontravam os sacerdotes teria o privilégio de transportar a tocha para acender o altar do sacrifício. O fogo era, então, mantido aceso durante os Jogos como homenagem a Zeus.

          No Rio Grande do Sul

           Aqui no estado, esse fogo simbólico é representado pela Chama Crioula, que nasceu no ano de 1947, em um momento conturbado da historia Brasileira e mundial. Era um período em que os Estados Unidos da América, que havia tirado vantagens da segunda grande guerra, ditava a moda como centro irradiador das grandes novidades mundiais, espalhando seu capital, seu prestigio, mas principalmente sua cultura que era de “mudar”, “evoluir”, “desenvolver” reproduzir o modismo lançado que invadia a América.

           Era o ano de 1947, quando é criado em Porto Alegre, no Colégio Júlio de Castilhos um Departamento de Tradições Gaúchas, com o objetivo de resgatar, preservar e proporcionar a revitalização das coisas tradicionais do Rio Grande do Sul, através da historia gaúcha. Naquele momento, um grupo de oito jovens ginasianos  deste colégio, não ficaram sentados assistindo culturas alternativas invadirem o cerne cultural de nosso estado, e numa atitude de muita responsabilidade,  oficiaram o presidente da Liga de Defesa Nacional, manifestando o desejo de fazer o acompanhamento dos restos mortais do General Farroupilha, David Canabarro, que era transladado ao Panteão riograndense, de à cavalo. Uma vez aceito pela Liga de Defesa, o mais difícil foi arregimentar cavalarianos para cumprirem o ato, onde podemos verificar que usar indumentária gaúcha  naquele período era quase um “crime” perante a sociedade.

           No dia cinco de setembro de 1947, os oito jovens, tendo por lider João Carlos D’Avilla Paixão Cortes, fizeram o primeiro desfile nas comemorações da semana da Pátria, acompanhando os restos mortais do general farroupilha. no dia 7, da pira, foi retirada uma centelha do Fogo Simbólico, por Paixão Cortes, Ciro Dutra Ferreira e Fernando machado Vieira, acendendo o candeeiro crioulo e guardado no Colégio Julio de Castilhos,  dando origem à nossa Chama Crioula, que simboliza o apego do gaúcho à sua terra, o seu nativismo, seu telurismo. 

           Esta Chama, que permanece acessa dentro de cada um de nós, demonstrando nosso respeito às instituições, valorizando a nossa cultura tradicional, à palavra empenhada, e nossa demonstração de civismo, patriotismo e amor ao Rio Grande e suas mais caras tradições, era acesa em diversas partes do estado, mas em Porto Alegre o tradicional ato era repetido no dia sete de setembro. Até que em 2001, em Guaíba, em frente a casa de Gomes Jardim, e do Cipreste farroupilha, o Rio Grande se reuniu para uma cerimônia única. Dali partiram cavalarianos para muitas regiões. E assim continuou ano à ano...
Foto histórica: Chama Crioula em 2011, comemorava os 50 anos da Carta de Princípios, em Taquara. Wilson Tubino (E), Ivo Benfatto, Manoelito Savaris, José Roberto Fischborn, Dinara Xavier da Paixão e Darcy Paixão
2002 – Acesa em Laguna/SC, para distribuição em Santa Maria
2003 - Camaquã, na Chácara da Água Grande, de Barbosa Lessa
2004 - Erechim, no Recanto dos Tauras
2005 - Viamão, cidade fundamental na história do RS
2006 - São Gabriel, na Sanga da Bica, onde tombou Sepé Tiarayú
2007 - São Nicolau, 1ª redução e um dos 7 povos das missões
2008 - São Leopoldo, Terra de Colonização Alemã
2009 - São Lourenço, no casarão de Ana, irmã de Bento Gonçalves
2010 - Itaqui, o acendimento volta para a fronteira
2011 - Taquara, cinquentenário da Carta de Princípios
2012 - Venâncio Aires - Capital Nacional do Chimarrão
2013 – General Câmara – Distrito de Santo Amaro 
2014 – Cruz Alta – Terra de Érico Veríssimo
2015 – Acendimento internacional na Colonia do Sacramento e no Brasil a distribuição no Chui
2016 – Triunfo – Terra de Bento Gonçalves e da Batalha do Fanfa
2017 - Mostardas  e, em 2018 será em Iraí;
           Temáticas possíveis em 2018 para os Festejos Farroupilhas
Temática de 2013 abordou o imaginário social. Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul forma debatidos
            O ano de 2018 proporciona algumas possibilidades únicas para os tradicionalistas e amantes da cultura gaúcha. Neste ano completam-se 180 anos das maiores conquistas farroupilhas. Foi em 1838, que Bento Gonçalves, já no Rio Grande, depois de fugir do Forte do Mar, na Bahia, voltou a liderar a República e foram grandes as investidas. Domingos José de Almeida proporcionou a vinda de equipamentos para a primeira tipografia farrapa, e Luiggi Rossetti editou o primeiro jornal "O Povo", em Piratini. Juntos os Generais Farrapos tomaram a tranqueira invicta, Rio Pardo, no dia 30 de abril de 1838 e prenderam a banda Imperial onde estava o maestro Joaquim José de Mendanha. Ali nascia o hino mais cantado do mundo (naquele dia, só tocado). Também 180 anos do Manifesto de Bento Gonçalves.

Possibilidades:
180 anos da Tomada de Rio Pardo
180 anos do Hino Farroupilha
180 anos do Jornal "O Povo"
180 anos do Manifesto de Bento Gonçalves
Qual frase de efeito caberia para abordar todos estes temas?

2 comentários:

Unknown disse...

Estamos em um momento em que se fala muito do empoderamento feminino, acho que seria interessante falar da mulher farroupilha, mostrar quantas mulheres de fibra e coragem tivemos e temos em nosso estado.
Forte abraço amigo.
Cris Pereira - Caxias do Sul
CTG Ronda Charrua

Unknown disse...

O MTG vem trabalhando tão forte no voluntariado, acho que poderia ser algo nesta linha.

A Importância do voluntariado na construção de uma nova proposta na cultura gaúcha e no envolvimento das novas gerações.

Ou ainda...

Tropeirismo, importância social, histórica e cultural ao nosso Estado.