quarta-feira, 24 de agosto de 2016

62 anos sem Getúlio Vargas

             1954, manhã de 24 de agosto! A emoção incontrolada, nunca antes tão intensamente vivida, em face da notícia bruta, surpreendente, que chegava pela rádio, informando a morte de Getúlio Vargas, do suicídio praticado com um tiro no peito, em defesa do destino nacional. É a vida do Presidente da República imolada em favor das esperanças e da independência da pátria

          É preciso analisar os primeiros reflexos de seu gesto para o futuro da política brasileira. Getúlio foi um gênio da política por excelência. Como ele próprio afirmou, não havia inimigo que ele não conseguisse transformar em amigo. Inteligente, sedutor, mas frio quando se tratava do cálculo político.

          Seu suicídio nunca poderá ser considerado um gesto de desespero, de um político tomado pelo temperamento. Ao contrário, o suicídio sempre fez parte do cálculo político de Getúlio, como uma das possíveis alternativas de superação de um impasse. Foi assim em outras oportunidades históricas como em 30, quando ele saiu do Rio Grande à frente das forças revolucionárias e declarou que se fosse derrotado se mataria; foi assim em 32 quando eclodiu a Revolução Constitucionalista de São Paulo; foi assim em 38, quando sofreu o ataque dos rebeldes integralistas ao Palácio Guanabara.

          O suicídio fazia parte de seus cálculos que pareceram fortes os rumores de que a carta-testamento, lida nos microfones da Rádio Nacional pelo ministro da Fazenda Osvaldo Aranha, não teria sido escrita por Getúlio, mas encomendada há mais de um mes a seu secretário, o jornalista Maciel Filho. Com o suicídio, o presidente Getúlio Vargas virou o jogo político. Altamente impopular nos últimos meses, Getúlio evitava sair às ruas no Rio de Janeiro, pois foi vaiado mais de uma vez.

         Foi chefe do governo provisório depois da Revolução de 1930, presidente eleito pela Constituinte em 17 de julho de 1934, e ditador entre 10 de novembro de 1937 e 29 de outubro de 1945 quando foi deposto pelos militares. Retornou ao poder eleito pelo voto popular em 31 de janeiro de 1951. Para finalmente se matar na no dia 24 de agosto de 1954, escapando de ser novamente deposto.

           Foi Getúlio quem fez a Companhia Siderúrgica Nacional para produzir aço, a Companhia do Vale do Rio Doce para extrair minério, a Petrobrás para explorar petróleo e a Eletrobrás para gerar energia. Foi Getúlio quem criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e o Banco do Nordeste para financiarem investimentos públicos e privados. Foi Getúlio quem deu às mulheres o direito de voto. Foi ele quem deu aos trabalhadores a legislação que ainda hoje disciplina suas relações com os patrões. E foi ele quem abriu as portas da administração pública para a admissão de funcionários por meio de concurso e do sistema de mérito. Finalmente, foi ele o arquiteto da estrutura política partidária nacional que vigorou no país até o golpe militar de 1964.

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