quinta-feira, 10 de março de 2011

Um capitão da guarda nacional

"Eu tive campos, vendi-os. Freqüentei uma academia, não me formei. Mas sem terras e sem diploma, continuo a ser... Capitão da Guarda Nacional".

Com essa frase de próprio punho, podemos dizer quem era João Simões Lopes Neto. Nasceu nos arredores da Freguesia de São Francisco de Paula de Pelotas no dia 9 de março de 1865, primeiro neto varão de João Simões Lopes, o qual dizem, ter mudado o jeito carrancudo de ser ao ver o neto, passando a ser conversador e brincalhão.

Vivendo na propriedade rural de seu avô, João foi estudar no Rio de Janeiro em 1878, onde aproveitou os conhecimentos adquiridos. Dizem ter sido uma das poucas vezes que se afastou do Rio Grande.

Firmou-se profissionalmente no comercio e na linha jornalistica. Em 1890 colocou um escritorio de despachante em Pelotas onde, tinha até anuncio no jornal "A Patria" : " João Simões - Despachante Geral - Rua Gal Neto nº 9 telefone nº 50 - Oferece ao comércio seus serviços - Pelotas".

Mas os negócios de João Simões Lopes Neto iam sempre mal. Associou-se ao Sr. Ildefonso Correia e abriu uma sociedade anonima, Vidraria Pelotense, que muita gente empregou mas que faliu logo. Então a luta pela sobrevivência passou para as redações dos jornais. Não foi um grande jornalista mas seus ensaios, artigos voltados ao humor refletiam bem na sociedade.

No ano de 1896 morre o tio e o pai, e pela prieira e ultima vez recebe um patrimônio econômico que lhe dá, pelo menos por algum tempo, segurança financeira. No ano em que seu pai morreu, João Simões teve a oportunidade de ver subir ao pauco e receber muitos elogios da crítica, sua primeira peça teatral: " A viúva pitorra", comédia versada em um único ato, que subiu ao palco do Clube Caixeiral em Pelotas.

João Simões Lopes Neto foi um homem urbano e em nada tinha a ver com o homem campeiro que tantas vezes vemos em seus artigos literários. Tudo isso era retirado de sua memória de uma infãncia nas estâncias da familia.

Fez parte da União Gaúcha, uma entidade criada em 1899, na qual ingressou em 1901. Vieram "contos e lendas do Rio Grande do Sul", " causos do Romualdo", " cancioneiro guasca" e a não completa obra: "Terra Gaucha".

João Simões Lopes Neto morreu praticamente pobre. Suas obras fizeram muito sucesso posteriormente, na verdade mais uma homenagem póstuma.Podemos dizer que hoje João faz mais sucesso entre nós do que faziam em seu tempo e espaço. É um legítimo exemplo lieterário que a força que irradia da obra, ultrapassa o destino, praticamente opaco do autor, transformando-o e dando novo rumo a sua história.

João Simões Lopes Neto 1865 - 1916

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