terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Gaúcho e o Imaginário Social - Mito de Origem -


Talvez dentro do processo de globalização e de constituição de blocos econômicos de poder, da internet, ou mesmo da internacionalização imediata da informação fez com que fosse estimulado o redirecionamento dos conceitos de limites e de fronteiras.

Então vemos nesta instantaneidade o conhecimento cientifico e também o estado nacional moderno passando por crises e transformações. O processo é tão rápido que a crise que abarcou o sistema imobiliário Norte americano chegou ao mundo em instantes...

Vamos tentar entender essa questão de identidade nacional e regional a partir do RS como espaço de fronteira no século XIX (parece distante não é? Mas meu avô nasceu no século que falo). Para a formação de um estado nacional moderno é preciso que seja consolidada a identidade nacional e esta acontece quando conflitam identidades regionais, sobressaindo uma, que torna-se heterogênica, sendo mentor de um "imaginário vencedor".
Nesse momento entra em cena mo papel dos intelectuais, como influenciadores do imaginário social e na concepção de história. Eles buscam no passado o "mito de origem", as raízes... Porém este é um passado reconstituído no presente. A historiografia oficial brasileira sempre salientou a linha nacionalista como homogênea e unitária, nesses tempos sim, o conceito de fronteira aproximava-se de separação e de limitação territorial. Nesse contexto autores como Moyses Vellinho viam a formação social e cultural do RS definida como elemento pertencente a identidade nacional. Já Manoelito de Ornellas trabalhava com a formação étnica do Gaúcho vinda do português e do espanhol, como elementos providos de uma origem moura (árabe).

Até a primeira metade do século XIX o espaço compreendido como a Pampa caracterizou-0se pela unidade social cotidiana do homem à cavalo, da pecuária, movida por interesses econômicos e políticos, bem como as divergências existentes promovidas pelas coroas dos colonizadores.

As contingencias da época levaram o governo a aumentar os proprietários de terras, fortalecendo a defesa territorial, ocupando espaços,mas também estabelecendo relações caudilhistas, dos chefes locais que também lutavam por seus interesses. “Diferente das “capitanias hereditárias” que dividiram o Brasil, o RS era na base das “sesmarias". As relações sociais e políticas ocorreram em torno da estância de criação, das charqueadas... da vida rural.




Visto como um misto de homem rude americano mescla do índio, do negro, do português, do espanhol... um mestiço que inicialmente manifestou-se como um Rebelde social. Esse indivíduo passou a trocar suas habilidades por sustento nas estâncias. Recrutados para serem os soldados e trabalharem para os caudilhos, desenvolveram muitas características, entre elas, resistência física, habilidades com armas e cavalos, com os recursos naturais e de sobrevivência, uma coragem imensa em relação a vida que levavam. Edison Acri classificou esse elemento como changador, Gauderio e depois como gaúcho.


O mito da origem

Devemos entender que o imaginário social é a peça efetiva e eficaz do dispositivo de controle da vida coletiva e do exercício do poder. Sendo assim, toda a sociedade precisa imaginar e inventar a legitimidade que atribui ao poder. Lembre-se...o poder não tem que ser somente Poderoso..mas sim, Legítimo. O espaço Riograndense foi resultado das relações de poder existentes, marcado por lutas e revoluções.

Então nós podemos definir a identidade pertencente ao povo riograndense como de ideais de uma elite caudilhista de controle de fronteira no século XIX, com características da vida campeira mesclada por etnias e coma ideologia positivista da república velha riograndense no século XX. Elementos que fundamentaram o perfil político-cultural do Gaúcho. Por exemplo, devemos atentar que o poder local também era garantido pela manipulação do imaginário social, no qual a república castilhista e borgista, soube muito bem reformular.

A identidade regional do RS pode ter sido resultante também de um a produção intelectual comprometida com a unificação do que hoje nós conhecemos por cultura Riograndense. Dessa forma buscou-se no Gaúcho,elemento pertencente à cultura popular de um estado que sente-se em seu imaginário social, uma Nação.

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