sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Viagem ao Rio Grande do Sul, de Auguste Saint Hilaire - Parte XIII

Texto de Jeandro Garcia
Fazendeiros e soldados - Ramirez - Costumes Charruas

        A região ao norte do Rio Negro sofreu muito menos com as guerras, embora muitos fazendeiros tenham abandonado a região. Havendo ainda muitos bois soltos ao campo, assim são caçados pelos soldados portugueses, mas a essa altura não importam mais se estão marcados ou não, se compreende que os gados que estiverem sobre a sua propriedade lhe pertence. Esta tropa assegura a paz e proteção que há muito tempo já não havia na região, em troca os fazendeiros locais lhes dão subsistência para se manterem.

            O General Saldanha, que comanda a região, é um homem que não aparente mais de 35 anos, muito culto, sabe inglês, espanhol e francês, sendo muito amável e conciliador, sendo um ídolo entre os soldados. Este lhe presenteia com duas avestruzes e dois tigres (pela descrição é um puma e uma onça pintada), estes serão enviados ao museu na França.

            Do outro lado de Entre Rios quem comanda é Ramirez, ex-apoiador de Artigas que logo lhe fez guerra, sendo descrito como de má índole e temido até por seus soldados, que frequentemente desertam e chegam até os portugueses pedindo para ingressar nas tropas ou repatriar-se ao seu país. Ramirez vive em paz com os portugueses, embora sem um acordo formal.

            Dentre esses desertores incluem os Charruas, e o general relatou que entre esses índios quando um cobiça a mulher do outro vai diretamente pedir, se este negar lutam até a morte e a mulher é o prêmio. Os homens cavalgam, boleiam cavalos e avestruzes sem ter outra atividade. As mulher cuidam da cozinha, da choupana, trançam esteiras, cuidam das crianças e fazem o carpinteiro, espécie de manto, única roupa dos homens. Testemunhou o chefe que tomava mate de braços cruzados enquanto sua mulher segurava a cuia.

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