sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dedicação: Transformar lágrima em título

Quantas vezes chorei, quieto, num canto, por ver meu filho sofrer com minha dura repreensão por algum ato de indisciplina dele. Lembrava minha mãe, que sempre foi muito disciplinadora. Achava que ela não tinha “coração”, pois, como podia ser tão fria ao repreender-me. Aquilo doia nela tanto quando doía em mim. Eu me enganava tanto. A dor para ela tomar aquela atitude, era para me ver vencer na vida. Uma frase eu trouxe sempre comigo, daquela época: Disciplina é uma ponte que liga nossos sonhos à nossas realizações. Disciplina e dedicação.

 Quando fomos estudar para o concurso regional, com meus três jovens indisciplinados (cada qual gostava menos de estudar) lembrei de cara os ensinamentos de minha mãe (só não podia passar o relho neles). De nada adianta sermos amigos, termos a Luciana levando lanchinhos deliciosos e ajudando se nós não nos ajudávamos.

 Dizia pra eles que não adianta chorar, depois, sobre o leite derramado: “ah se eu tivesse visto isso...”, “ah se eu tivesse estudado mais e brincado menos...”, pois arrependimentos vêm depois, pra nos corroer e fazer-nos sofrer. Por esse motivo planejamos cada passo. Lembrei para eles a coordenadoria da 7ª Região, na pessoa da Gilda Galeazzi, que quando diz que vai ganhar determinada competição, ganha. Por quê? Simples. Planejamento. Foco. Dedicação.

 Éramos fracos só em alguns itens como prova escrita, oral e campeira. A gurizada eram uns artistas. Tínhamos de superar as limitações de cada um pela disciplina em aprender. Tirar vaidades do “ah, isso eu já sei!”. Planejamos. Montamos uma equipe. Um ajudava o outro. Eles se encontravam antes e quando eu chegava, eles me desafiavam.
Tinha gente que me dizia: “Não cobra muito de teu filho, ele é uma criança!”. Troquei os papéis. Ensinava o Guri, que ensinava o Piá, brincando. Depois os dois desafiavam o Peão em conhecimentos. Não deixei eles cometerem o erro que cometi por falta de experiência. Eu havia ganhado mais de 10 concursos consecutivos antes do regional. A traiçoeira cilada do sucesso é uma armadilha pra gente cair quando, embalados por momentâneos êxitos, passamos a nos achar melhores que os outros. Às vezes nos achamos até invencíveis e nos afastamos daquilo que nos leva ao real sucesso: a Disciplina e a preparação.

 Tem uma máxima que nos diz: “quanto mais suamos nos treinamentos, menos sangramos no campo de batalha”. A meta nós tínhamos: Onde queremos chegar? Conversamos muito sobre isso. Aí veio o planejamento: Como nós vamos chegar lá? Mas uma coisa tivemos sempre muito clara na preparação, que eram os concorrentes, eles também se prepararam, se dedicaram, então, deveriam ser respeitados e, acima de tudo, entender que este seria o grupo que eles iriam conviver por um ano e, quem sabe, pela vida toda, como eternos amigos.


Não importa o título conquistado se for incapaz de fazer parte de um grupo, de uma equipe e disciplinar o ego. Deve-se largar de mão o “eu” e valorizar o “nós”. Não vamos confundir a disciplina com métodos rígidos, duros, mas como o envolvimento de todos em uma busca planejada pelos objetivos e metas. A disciplina e a ética são hábitos que perpetuam os melhores resultados.

Isso tudo vale, como sempre digo em minhas palestras pelo Rio Grande, tanto para as invernadas que se preparam para o ENART como para aqueles que se preparam para os concursos de prendas e peões, interprete, declamação, instrumentais ...

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