terça-feira, 12 de agosto de 2014

A Chama Crioula - Parte I

          A pedido de alguns amigos, estaremos publicando, diariamente, um trabalho sobre a Chama Crioula, para servir de orientação, como não se tem nada escrito que possa ajudar na busca de conhecimento, vamos tentar, através de experimentações, ou seja, experiencias mais antigas, mostrar a importância, o simbolo, a historia, o primeiro acendimento, o momento do acendimento oficial e o traslado. Acompanhe por aqui um pouco do que conseguimos recolher.


O domínio do fogo

          A partir do domínio do fogo, o cérebro humano desenvolveu-se muito rapidamente, proporcionando um salto qualitativo na nossa vida. A sociedade humana, como a conhecemos, acredita-se que se estruturou a partir do momento em que o homem passou a dominar o fogo, pois este permitiu inúmeros avanços, dentre os quais, que os grupos familiares estivessem ativos durante a noite, o preparo de alimentos e bebidas, também foi usado em caçadas e para afugentar animais e grupos rivais. Mas um ponto fundamental foi seu uso na agricultura e pecuária, servindo para limpeza de áreas (sistema de coivara) e foi amplamente empregado na fundição de metais.


O simbolismo do fogo

          São inúmeros os registros que mostram a importância do fogo na vida do homem. É um elemento que consome, aquece, ilumina, mas também pode trazer morte e dor, e por isso, seu simbolismo pode variar muito dependendo do contexto em que ele é usado.
O fogo é um dos quatro elementos da natureza (água, terra, fogo e ar) e que o ser humano pode produzir, fazendo uma conexão entre os homens e Deuses. A maioria dos rituais, ao longo da história, envolve uma chama eterna, e acender um fogo é equiparado com o nascimento e ressurreição. É um princípio criador por excelência, símbolo da energia vital, da purificação, da espiritualidade, do entusiasmo e do ardor.


A chama Crioula – Momento sociopolítico

          O Brasil, no final dos anos 40, do século XX, estava saindo da ditadura da chamada “Era Getúlio Vargas”, que havia calado a imprensa, que prejudicava o desenvolvimento e prática das culturas regionais. Com isso, perdeu-se o sentimento de culto à regionalidade. As raízes regionais estavam em processo de esquecimento, adormecidas, reflexo da proibição de demonstrações de valores de cada um dos estados. Bandeiras e hinos dos estados foram, simbolicamente, queimados em cerimônia no Rio de Janeiro e, diante de tudo isso, os gaúchos estavam acomodados àquela situação, apáticos e sem iniciativa.
Liderados pelo jovem João Carlos D’Avila Paixão Cortes, jovens estudantes do Colégio Júlio de Castilhos, criam um departamento de tradições gaúchas, que tinha a finalidade de preservar as tradições e o campeirismo do estado, mas também desenvolver e proporcionar uma revitalização da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando-a no contexto da cultura brasileira. 
          Dentro deste espírito é que surge a criação da Ronda Crioula, que foi do dia 7, com a extinção da pira da pátria, até o dia 20 de setembro, as datas mais significativas para os gaúchos.

          Paixão solicitou a Liga de Defesa Nacional para fazer a retirada de uma centelha do "Fogo Simbólico da Pátria" para transformá-la em "Chama Crioula", como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande à Pátria Mãe, e do desejo de que a mesma aquecesse o coração de todos os gaúchos e brasileiros, até o dia 20 de setembro, data magna estadual. 
          Nessa oportunidade, Paixão recebeu o convite para montar uma guarda de honra ao general farrapo, David Canabarro, que seria transladado de Santana do Livramento para Porto Alegre. Então, Paixão reuniu um piquete de oito gaúchos bem pilchados e, no dia 5 de setembro de 1947, prestaram a homenagem a Canabarro.

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