quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A Chama Crioula - Parte III

A busca, o translado e a guarda da Chama


        Um velho ditado diz: “A união faz a força”. A busca da chama nos sítios históricos, espalhados pelo Rio Grande do Sul, demanda, na maioria das vezes, de custos operacionais. Em algumas cidades existe uma rubrica, dos festejos farroupilhas, para a busca da chama. Então, alguns grupos se fecham dentro daquela rubrica e não abrem para outros grupos irem junto buscar o símbolo. Aí começam as discordâncias na cidade.
          Em outras localidades, mais organizadas, os municípios fecham com a coordenadoria regional, unem os grupos de cavalgadas, tem uma equipe para prestação de contas, e todos viajam juntos. Cabe lembrar ainda que alguns grupos simplesmente saem à cavalo pelo estado, sem roteiro pré organizado, sem pousos determinados e sem avisar a policia rodoviária sobre sua presença em determinadas rodovias.
          A sugestão é que os grupos de cavalgadas se unam dentro da região, façam um grande ordenamento de despesas, organizem o trajeto antecipadamente, avisem as autoridades competentes, e façam uma grande busca da chama. Lembrando que é sempre importante o espírito de equipe, o bom senso e a camaradagem entre os cavaleiros e participantes.

O translado - As bandeiras vão à frente. A chama logo depois delas. Quem leva a chama, ao chegar, alcança o archote para alguém previamente definido que vai fazer o acendimento do candeeiro. Esse ato é, normalmente, feito logo após o hino nacional (quando for executado) e antes dos pronunciamentos (quando houver pronunciamentos). Normalmente são três falas. É comum dar-se a palavra ao comandante da cavalgada.

A ronda da chama - A ronda não é estática, ela é móvel. A ronda também pode ser entendida como o ato de trocar a chama de lugar a cada dia. A ela pode-se incluir uma serie de atividades no entorno da chama.

A guarda da chama - A guarda da chama é feita por uma ou duas pessoas que ficam paradas (no estilo militar), normalmente de lança em punho. O ideal é que a guarda seja feita durante as 24 horas, no entanto, se não houver movimento, pode ficar o candeeiro sozinho, com o galpão fechado. Enquanto houver atividades ou se a chama estiver em local aberto, a guarda é permanente. A troca de guarda deve sempre ser feita com um breve cerimonial: A entrega da lança e, a troca de lugar, deve ser feita de forma solene.

O cerimonial – Escolher alguém com boa dicção e que planeje o cerimonial antes, lendo bastante, para evitar se engasgar com as palavras na hora.
Ao abrir, ter as informações do que está acontecendo, nominar as autoridades (da maior para a menor), ter os hinos à mão, pronunciamentos sempre da menor, para a maior autoridade (processo inverso a composição do dispositivo das autoridades).

A fala na troca de guarda – Não existe uma fala padrão, por ser neste momento, uma situação que envolve muito a emoção do que se está fazendo. Fizemos um levantamento, em algumas regiões, buscando saber o que, normalmente, eles falam quando fazem a troca de guarda, ou entregam a chama ao chegar no local determinado e, notamos que depois de uma pequena reflexão da importância daquela cavalgada que buscou a chama, ao entregar usa-se a parte final do solene juramento , utilizado em posses:

...entrego esta chama para o fortalecimento das nossas tradições e maior honra e gloria da  nossa sagrada querência e do povo gaúcho.” – seguido de um forte “E viva o Rio Grande!


A Chama Crioula e o acendimento oficial no RS
2000 - Alegrete, na Capela Queimada
2001 - Guaíba, na fazenda de Gomes Jardim
2002 - Santa Maria, no centro do estado
2003 - Camaquã, na Chácara das Aguas Belas, de Barbosa Lessa
2004 - Erechim, no Recanto dos Tauras
2005 - Viamão, cidade fundamental na história do RS
2006 - São Gabriel, na Sanga da Bica, onde tombou Sepé Tiarayú
2007 - São Nicolau, 1ª redução e um dos 7 povos das missões
2008 - São Leopoldo, Terra de Colonização Alemã
2009 - São Lourenço, no casarão de Ana, irmã de Bento Gonçalves
2010 - Itaqui, o acendimento volta para a fronteira
2011 - Taquara, cinquentenário da Carta de Princípios
2012 - Venancio Aires - Capital Nacional do Chimarrão
2013 - General Câmara - Distrito Açoriano de Santo Amaro do Sul
2014 - Cruz Alta - Terra de Erico Veríssimo

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