quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Há 20 anos, Manoelito Savaris era eleito, pela primeira vez, Presidente do MTG

      Hoje, remexendo meus alfarrábios, anotações e lembranças (mexer em casa antiga dá nisso) encontrei material do 46º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado entre os dias 5 e 7 de janeiro de 2001, no Centro Municipal de Eventos de São Gabriel - Terra dos Marechais. Lembro que na viagem para Santa Vitória do Palmar, Gerciliano Alves de Oliveira, responsável pela loja e Conselheiro da Fundação Cultural Gaúcha, passou mal devido a um câncer que se desenvolvia rapidamente, e me pediu que convidasse mais um voluntário para ir comigo fazer a feira, colocando a loja no último reduto dos carreteiros, onde aconteceria o Congresso.

     Eu e o Betinho, gaita ponto de grupos de baile e meu primo, pegamos a estrada e chegamos em São Gabriel. Me vem às lembranças a chegada do Deputado Sérgio Zambiasi (que seria o próximo presidente da AL), junto com o Diretor da Fundação, Fernando Chaves, que apresentariam o Projeto intitulado "Planeta Gaúcho". Jayr Lima era o Presidente do MTG. O Presidente do Congresso era, nada mais nada menos, que Manoel Pedro da Silva Mello e seus vices, José Severo Marques e Zeno Dias Chaves. O saudoso Italmir Maldonado Chaves era o Coordenador da 18ªRT e Edson Otto, o presidente da CBTG.

     Lá estava o Coronel Celso Souza Soares apresentando a proposição: "Defesa ao homem do campo". A relatoria ficou por conta de Hermes Garcia dos Santos, que deu parecer favorável, cuja proposição foi aprovada por unanimidade, o que acabou gerando uma cavalgada, partindo da Assembleia Legislativa do RS até Brasília, liderada pelo proponente. Nessa brincadeira, se manifestaram favoráveis Wilmar Winck de Souza, o Provisório, Milton Mendes de Souza e Vicente Bogo (te mete com essa galera!). Foi em 2001 que a Pajada, conto e poesia foram aprovadas para se tornarem modalidades do ENART (claro, que depois da Convenção).

    Na tarde de sábado, 05, teve a eleição para o Conselho Diretor (sim, na época o regulamento falava em Conselho Diretor, não eleição para presidente) entre duas Chapas: "Amor pelo Rio Grande" liderada por Manoelito Carlos Savaris e apresentada por Aldo Assis Ribeiro; e a chapa intitulada "Liberdade, Igualdade e Humanidade", tendo à frente Carlos Medeiros de Mello, apresentada por Larri Luiz Prima. O pleito encerrou com 368 x 131, para a chapa "Amor pelo Rio Grande". Quando passava das 23h, o presidente do Congresso anunciou que Manoelito Carlos Savaris havia sido escolhido por seus pares para presidir o MTG naquele ano. No dia 6, assumia o cargo e seus encargos pela primeira vez. 

     Naquele Congresso foram tratados temas como:

Recuperação das história da tropeadas (Zeno Dias Chaves)
A Função Social do Movimento Tradicionalista Gaúcho (Jorge Moreira)
Acampamento Farroupilha oficializado como evento estadual (Celso Souza Soares)
Oficialização do Tchêncontro como evento complementar do MTG (Carol Figeuiredo) e a Mostra de Arte e Tradição (Patricia Fabro)
11 de Fevereiro - Dia do Campeiro em homenagem a Maneco Pereira (P R Fraga Cirne) entre outros...

Manoelito Carlos Savaris

     Assumiu a FCG/MTG tendo como vice, Manoel Pedro da Silva Mello e Diretor Administrativo: Rogério Bastos e Técnico: Paulo Ernani Klafke. Ali começavam as reformulações e a busca para que a fundação atingisse seus objetivos. Depois de enfrentar um terrível Planeta Gaúcho (2001), Savaris havia pago todas as contas e entregou a FCG (2004) com saldo positivo. A entidade deixava de ser uma loja itinerante para ser o braço dinâmico do MTG e, em 2005, já tinha sede própria.

    Nesse período foi peça chave pela modificação do Acampamento Farroupilha e dos Desfiles Temáticos, escolha dos Patronos, tornou o acendimento da Chama Crioula um evento importante, organizou e publicou o livro de partituras das músicas para as danças tradicionais, em 2001, do CD – duplo das músicas das danças tradicionais, hinos e costados e a criação do jornal Eco da Tradição, no mesmo ano. Transformou a data de aniversário do MTG em evento importante, com comemoração adequada, inclusive com entrega de medalhas e comendas. O aniversário começou a ser comemorado em 2001, por ocasião do 35º aniversário. Em 2002 idealizou o livro de Danças Tradicionais, reunindo instrutores e envolvidos a muitos anos com o tema para elaborar uma obra que levasse a assinatura do MTG.

     Também no ano de 2002 foi criada a Medalha do Mérito Tradicionalista L. C. Barbosa Lessa e a reorganizada a Comenda João de Barro. Surge neste ano, também, a Lista Destaque Tradicionalista. Naquele ano o Deputado Estadual Osmar Severo apresentou e aprovou a Lei Estadual dos Rodeios, Lei nº 11.719/ 2002, proposta pelo MTG.

     O ano de 2003 foi marcado pela criação do Departamento de Narradores, criação do Protocolo e Cerimonial do MTG, publicado em livro. Também foi elaborado um livro do MTG a respeito da indumentária gauchesca, o que se concretizou com a participação de quatro pesquisadoras. E finalmente, a unificação dos concursos estaduais de prendas e peões, na fase regional, com a mesma prova aplicada no mesmo dia em todas as 30 RTs. Neste mesmo ano, por contingências do momento surgem o SAT (Seminário de Aprimoramento Tradicionalista) e o CFor (Curso de Formação Tradicionalista). É criado o Cartão Tradicionalista e o banco de dados estadual.

     Poderia escrever muito mais, pois convivi cada ano (em sua volta em 2005/2006 ou 2014/2015) quando foi chamado para reassumir as rédeas da entidade. Algumas frases que selecionei de figuras de destaque sobre Manoelito Savaris:

Germano Rigotto
   "O sucesso e o crescimento das comemorações da Semana Farroupilha sempre tiveram na linha de frente a liderança do Savaris, sou testemunha disto". 
 (Germano Rigotto – Ex-Governador do estado).

   “Neste momento palavras perdem o sentido e percebemos que a história que ele realizou no Movimento Tradicionalista Gaúcho Brasileiro e Internacional é grandiosa e é mais uma vitória em sua vida e fomos nós que ganhamos com tudo isso”. (João Ermelino Mello - ex-Presidente da CBTG) 

Sergius Gonzaga
     O que sempre agradou no Manoelito Savaris - nos muitos anos que estivemos juntos no Acampamento Farroupilha - foi a sua integridade absoluta e também a força persuasiva de sua liderança. Sinto orgulho de ser seu amigo”. (Sergius Gonzaga – Professor universitário e ex-secretário de cultura de Porto Alegre)

   “Quando fui Secretario de Turismo do Estado, junto com ele criamos os desfiles e acampamentos temáticos da semana farroupilha e posso dizer que se não fosse a teimosia do Manoelito em manter acessa a chama da tradição gaúcha, muitos eventos como esses já não existiriam mais. Mesmo sem apoio dos governos ele persiste e insiste neste ideal. Manoelito é uma espécie de guardião da cultura tradicionalista é o nosso sinuelo” (Luis Augusto Lara - Deputado Estadual).

   Neste ano em que Manoelito Carlos Savaris comemora os 20 anos de sua primeira eleição para o MTG, também comemoramos:

20 anos do Jornal Eco da Tradição
50 anos do Concurso de Prendas
60 anos da Carta de Princípios do MTG
70 anos da Carta do Folclore Brasileiro

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