terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Entidades que aniversariam em 2018, com datas relevantes

          No ano de 2018 algumas entidades representativas da cultura gaúcha estarão completando aniversário, a que convém destacar, como:

160 anos do Teatro São Pedro (27 de junho de 1858) – recente falecimento de sua “zeladora” Eva Sopher – contato José Diniz de Moraes;

150 anos (Sesquicentenário) do Partenon Literário  (18/06/1868) – Presidente Benedito Saldanha;

120 anos do Grêmio Gaúcho do Major João Cezimbra Jacques, patrono do tradicionalismo (precursor – A entidade esta desativada mas vale o registro pois, João Cezimbra deu o “start” para a preservação dos usos e costumes do povo gaúcho);

80 anos da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande – hoje em Novo Hamburgo (entidade pré 35 CTG) (31/01/1938); patrão José Luiz Amaral Silveira;

70 anos da Comissão Gaúcha de Folclore, criada por Dante de Laytano em 1948 reconhecido pelo UNESCO  (23/04/1948) – Presidente Octávio Capuano;

70 anos do 35 CTG, o pioneiro, o primeiro CTG do mundo   (24/04/1948) – Patroa Gleicemary Borges;

           São instituições que muito contribuíram e contribuem com a sociedade gaúcha, promovendo a cultura e o desenvolvimento econômico e social do estado.

THEATRO SÃO PEDRO

            A construção de um teatro que abrigasse com dignidade as diferentes manifestações culturais era um sonho que, desde o período colonial, acompanhava governantes e população da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
           Em 1833, o presidente da província Manoel Antônio Galvão doou um terreno no centro de Porto Alegre para o início das obras do Theatro São Pedro, que seriam feitas com projeto arquitetônico no estilo neoclássico do arquiteto Filipe Normann. Mas, com o início da Revolução Farroupilha em 1835, a obra foi suspensa, sendo retomada anos depois.
           Finalmente, dia 27 de junho de 1858 o prédio foi inaugurado sob a presidência de Ângelo Moniz da Silveira Ferraz, o Barão de Uruguaiana.

COMISSÃO GAÚCHA DE FOLCLORE

          A Comissão Gaúcha de Folclore, federada à Comissão Nacional de Folclore, e reconhecida pela IBEC/UNESCO, foi fundada no dia 23 de abril de 1948, pelo então professor Dante de Laytano (coordenador da Faculdade Palestrina onde mantinha um curso de Especialização em Folclore e era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, do Conselho Estadual de Educação e do Conselho Estadual de Cultura, presidente da Academia Rio-Grandense de Letras, da Academia Brasileira de História, da Academia de Letras de Brasília, da Comissão Nacional do Folclore e da Comissão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco-Ibec) no Rio Grande do Sul).
            A CGF tem o compromisso de incentivar, promover, defender e divulgar as manifestações das culturas populares tradicionais, entendidas como folclore histórico no RS, tanto quanto apoiar e promover eventos de culturas populares como festivais de folclore.
           Estiveram a frente da Comissão Gaúcha de Folclore ao longo de seus 70 anos: Antônio Augusto Fagundes; Paixão Cortes; Rose Mari dos Reis Garcia; Lilian Argentina Braga Marques; Sonia Siqueira Campos; Paula Simon Ribeiro   (atualmente Conselheira Estadual de Cultura); Ivo Benfatto  (Conselheiro estadual de Cultura RS); Dante de Laytano; Cristina Rolim Wolffenbüttel; José Diniz de Moraes; Reginaldo Gil Braga; Maria Eunice Maciel -   Entre outros nomes do Folclore Gaúcho.
           Presidente Octávio Cappuano

SOCIEDADE PARTENON LITERÁRIO

           A Sociedade Partenon Literário foi criada em 18 de junho de 1868, num período de efervescência social e política, com a Guerra do Paraguai em andamento, as ideias republicanas em expansão e uma forte retomada do movimento abolicionista.
          Sediada em Porto Alegre, contou com colaboradores de toda província, promovendo um intercâmbio cultural que impulsionou a intelectualidade riograndense. Sua criação foi centrada em duas figuras: o médico e escritor José Antônio do Vale Caldre e Fião, presidente honorário, e o jovem Apolinário José Gomes Porto-Alegre. Caldre e Fião além do apoio à iniciativa, emprestou seu prestígio pessoal, pois era autor conhecido. Já Apolinário foi fundamental com sua atuação e postura.
            Seu surgimento permitiu o intercâmbio de informações, textos e ideias entre os autores membros, promovendo a circulação de matérias literárias em diferentes jornais que percorreram os mais distantes recantos do Rio Grande do Sul. Sua atuação não se resumiu apenas à divulgação de literária, mas também expandir a cultura dos gaúchos, oferecendo cursos noturnos para adultos (mostrando sua preocupação com a formação intelectual da população) e criando uma biblioteca com importantes obras de Filosofia, História e Literatura. As aulas noturnas foram uma das atividades mais duradouras, permanecendo até 1884 quando, devido à dificuldades financeiras e falta de um local para abrigar as aulas, estas foram suspensas.
Presidente Benedito Saldanha
           O Partenon Literário precedeu 30 anos a Academia Brasileira de Letras, publicando diversas obras literárias, bem como a tradicional Revista Literária, ora em formato de livro, seu legado mais forte. Entre os membros de destaque da sociedade pode-se citar: Apolinário José Gomes Porto-Alegre, seus irmãos Apeles e Aquiles, Afonso Luís Marques, Alberto Coelho da Cunha (Vítor Valpírio), Antônio Vale Caldre Fião, Argemiro Galvão, Augusto Rodrigues Tota, Aurélio Veríssimo de Bittencourt, Bernardo Taveira Júnior, Bibiano Francisco de Almeida, Carlos von Koseritz, Francisco Antunes Ferreira da Luz, Francisco Isidoro de Sá Brito, Hilário Ribeiro, Inácio de Vasconcelos Ferreira, José Bernardino dos Santos, João Damasceno Vieira Fernandes, José Carlos de Sousa Lobo, Lobo da Costa, Múcio Scevola Lopes Teixeira, dentre inúmeros outros. Entre as mulheres se destacaram Luciana de Abreu, a primeira mulher a subir na tribuna para falar em público, Luísa de Azambuja, Amália dos Passos Figueroa e Revocata Heloísa de Melo.
          O Partenon completando 150 anos está em plena atividade programando uma publicação. Seu atual presidente: Benedito Saldanha

SOCIEDADE GAÚCHA DE LOMBA GRANDE

            A Sociedade de que tratamos aqui nasceu num tempo em que o mundo era sacudido por mandatários de orientação política totalitária, do que resultou a Segunda Guerra Mundial. Naquele cenário destacava-se a situação da Alemanha que, politicamente, liderada por Adolf Hitler iniciava um processo de expansão territorial e de perseguição às etnias consideradas “inferiores”.
  Completamente dissociados daquela Alemanha, os descendentes dos imigrantes alemães que chegaram ao Brasil a partir de 1824, estavam integrados à sociedade gauchesca e plenamente adaptados aos seus usos e costumes. A localidade de Lomba Grande, no município de Novo Hamburgo era povoada, na sua maioria, por descendentes de alemães.
   Foi ali, na Lomba Grande, no Salão Algayer, que se reuniram um punhado de  homens para discutir a proposta de Serafim Rauber em criar uma associação com os fins de: fazer exercícios esportivos a cavalo; simbolizar o primitivo gaúcho; e elevar o espírito de camaradagem e a distração de seus associados. Era o dia 31 de janeiro do ano de 1938.
           Depois da decisão em fundar a nova sociedade, foi-se em busca da formação de um quadro social, tarefa coroada de pleno êxito, posto que em 13 de junho do mesmo ano, quando se reuniram para aprovar o primeiro estatuto, a SOCIEDADE GAÚCHA LOMBAGRANDENSE contava com 172 associados.
            Na época da fundação, a Sociedade Gaúcha Lombagrandense não possuia sede social e nem era proprietária de área para a realização das festas com cavalos, especialmente o jogo de “Lança ao Couro”, sua principal atividade. Como sede social era utilizado o Salão Allgayer de propriedade de Osvaldo e João Aloysio Allgayer, ambos fundadores da sociedade.
 As competições de “Lança ao Couro” eram realizadas nas terras de Emilio Streck, Oscar Behs, Lindolfo Diehl e, mais tarde, Leopoldo Moehlecke onde havia um local que chamavam “Capão dos Gaúchos”.
 A região de Lomba Grande era constituída especialmente por agricultores e se destacava pela beleza e apresentação esmerada dos cavalos. Havia uma grande quantidade de proprietários de cavalos que “desfilavam” seus animais na localidade, especialmente nos dias de festas.
          Havia na localidade de Lomba Grande, além da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, ainda a Sociedade de Atiradores de Lomba Grande e o Sport Clube Lombagrandense. Pois no início do ano de 1975 reuniram-se os associados dessas três entidades e resolveram constituir a Sociedade Esportiva Lombagrandense com dois departamentos: o de futebol e o de tradições gaúchas. Importante registrar que a fusão das três entidades nunca foi oficializada legalmente, ocorrendo de fato mas não de direito.
O Departamento de Tradições Gaúchas foi bastante ativo, especialmente na realização de desfiles e fandangos.
No início dos anos 1980, o Departamento de Tradições passou a agir por conta própria, desvinculado da Sociedade Esportiva, culminado com a ocorrência do episódio em que o Prefeito Municipal de Novo Hamburgo, Eugênio Nelson Ritzel, que era tradicionalista, se comprometeu, durante uma festa de bodas de Prata do Sr. Astrogildo Nogueira do Amaral, em doar uma área de terra no local conhecido como Passo dos Corvos.
Em 6 de fevereiro de 1982 os membros da Sociedade Gaúcha de Lomba Grande, sob o comando de Adrolado Kramer Borges, assumiu a área de terra iniciando a limpeza e o cercamento. Essa é a sede atual da entidade.

35 CTG - O primeiro CTG do mundo

           O 35 CTG  foi criado em 24 de abril de 1948, que hoje, por lei, é dia da tradição gaúcha, dia do Churrasco e do Chimarrão. 
           Foi um clube de tradição gaúcha criado por Paixão Cortes e Barbosa Lessa, em parceria com Cyro Dutra Ferreira, Fernando Machado Vieira, Glaucus Saraiva, Manoelito de Ornellas. É considerado o primeiro CTG do mundo. Graças a sua criação foram pesquisadas as danças tradicionais gaúchas dançadas hoje e pela promoção da musicalidade regional (que não existia na época). E a ronda creola ou criolla ou mesmo crioula, que deu origem ao 35, originou também,  a semana farroupilha.
 
35 CTG imagem antiga do Galpão quando ainda não tinha o Bourbon Ipiranga ao lado
         Sua origem se dá no longínquo ano de 1947, quando oito jovens liderados por João Carlos D’Avila Paixão Cortes, retirou uma centelha do fogo simbólico da pira da pátria para realizar a 1ª ronda do Julinho (Ronda Criola, Ronda Gaucha e, depois, Semana Farroupilha), idealizada para homenagear os feitos dos heróis farroupilhas e o translado dos restos mortais de Davi Canabarro que chegaram a Porto Alegre, no dia 05 de setembro (hoje, dia do jovem tradicionalista).
         O evento que durou duas semanas e teve uma enorme repercussão na sociedade. Jornais da época noticiaram o feito de jovens que, mais tarde, se concluiu que mudaram o seu tempo. Sem dúvida nenhuma, Paixão Cortes e Barbosa Lessa foram gaúchos que marcaram e mudaram o século XX no Rio Grande do Sul.
         Aos poucos com os conhecimentos adquiridos na região da fronteira foram criando a primeira entidade tradicionalista da historia e do mundo, o 35 (homenagem à revolução farroupilha – 1835) CTG – centro de tradições gaúchas – entidade mater que deu origem à, hoje, 3000 similares pelo mundo (1750 só no RS, além de centenas pelo Brasil, seis nos Estados Unidos, um na China, um na Nova Zelândia, na França, entre outros países). Segundo a CBTG são mais de 600 em SC; 330 no PR; 19 MS; 43 no MT; 33 em Rondônia; 28 em SP; 9 em GO; 3 em MG; 3 na AM; 1 no PA, RR e AC.

Um comentário:

Odilon Ramos disse...

Tchê. Parabéns pelo conteúdo.
Passarei a fazer uso de matérias daqui, sempre com o devido crédito.
Abraço.
Odilon Ramos