segunda-feira, 13 de maio de 2013

O 13 de maio... Por Paulo Gonçalves


                    O calendário nós traz uma noção linear de tempo, mas também nos da a impressão de tempo ciclo. O tempo linear é contado dia a dia com a mudança de meses e anos. Temos a ideia de que os dias não se repetem, isso é para que possamos viver cada dia como um único. O aspecto cíclico nos vem com as estações do ano e com as datas ou eventos comemorativas, há muitas datas para comemorar e cada uma é revivida e reforçada. Além das comemorações podemos pegar algumas datas para refletir, algumas destas datas que o tempo linear tenta deixar para traz como um passado já vivido e um futuro que nunca chega.
                    É tempo de refletir e de relembrar que a data de 13 de maio é um marco que finda a responsabilidade de senhores escravistas de alojar e alimentar homens negros é um marco na política abolicionista que lutou “pelo fim da escravidão”. O que temos em 13 de maio de 1888 é uma mudança na relação trabalhista onde saímos do trabalho escravo para o trabalho assalariado. Mas e a luta dos abolicionistas para a liberdade dos negros também foi uma luta para torná-los trabalhadores assalariados? Como muitos fatos de nossa história esta é mais uma data para relembrar. Podemos comemorar ou refletir nestes 125 anos de mudança do modo de produção no Brasil que foi uma luta de feitorizados, foros e quilombolas, 49 anos de conquista dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos uma luta de homens negros como Malcolm X e Martins Luther King, 169 anos que guerreiros negros foram massacrados em Porongos ao fim da Guerra dos Farrapos. 103 anos do ato de indignação de João Candido contra a Chibata, 58 anos que Rosa Parks reivindicou seu acento no ônibus e na sociedade.
                    Sem os números, sem refletirmos parece que faz séculos que a escravidão acabou achamos até que isso é coisa dos livros de história, mas olhando atentamente para os números, para o calendário e para a sociedade a nossa volta podemos ainda encontramos pessoas com mais de 100 anos e relatos de descendentes do passado que não deve ser esquecido.
                   Princesa Isabel é um nome, 13 de maio uma data, a Lei Áurea o documento que da fim a um sistema opressor e inicio de um sistema excludente. Mas alem de refletir é certo que podemos celebrar, contando uma bela canção de Lupicínio, acompanhada de um tambor de sopapo, servidos de um suculento mocotó, pedindo graças em um ponto de batuque e acendendo um toco de vela para o negrinho. Damos vivas as grandes contribuições deixadas pelos descendentes de africanos ao Brasil e ao Rio Grande.

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