quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

A Origem do Lenços e a sua Importância na Indumentária Gaúcha - Parte I

por Maxsoel Bastos de Freitas

Introdução 

     O objetivo deste artigo é reconstruir através de uma pesquisa e de uma consequente narrativa o processo de construção e patrimonialização de itens da nossa indumentária gaúcha. 


Imagem de Guido Moundin - Tela Fogo no pasto
     Este estudo passa a ter um recorte que apresenta o objeto de pesquisa: A origem do Lenço Gaúcho, que faz parte de uma indumentária típica e cultural para o povo do sul do continente americano e sua proposta como elemento que materializa a ideia de uma identidade gaúcha.

     O estudo parte de parcos recursos de pesquisas que invariavelmente acabam por repetir algumas definições que aparentemente não se lastreiam em bibliografias sólidas que possam indicar que para os conceitos usados foram utilizados métodos estruturados de investigação a cerca do tema. 

     Quando observamos usos e costumes que ultrapassam mais de um século, o registro do processo de construção e patrimonialização a partir do método de coleta histórica, precipuamente oral, carrega para o núcleo da pesquisa uma esfera oculta a respeito das trajetórias de construção da indumentária gaúcha, já que não há registro de estudos envolvendo o universo do acervo de indumentária que atualmente temos como identidade em nossa cultura, especificamente dos lenços. 

     É preciso ter cuidado porque um dos temas fundamentais para trabalhar com história que provem da oralidade, e quando pesquisamos a origem do lenço gaúcho nos deparamos com este recorte, é o das vozes ocultas, pois não há documentos sobre essas memórias, tornando-se muitas vezes campos mágicos ou obscuros para se explorar. Desta forma, é possível interpretar a história de um acervo e de uma cultura por meio da escuta aos interlocutores mais antigos e do registro da história de sua vida, onde a memória é tudo aquilo que remete ao passado no presente, dentro de um lapso de tempo e de um determinado lugar, no caso em analise, no Rio Grande do Sul.

     Pensando assim, este estudo ganha relevância ao termo que nos ajuda a pensar em como artefatos como os lenços passaram a fazer parte das vestimentas e, assim, que tenham passados a ter um sentido para o mundo e para a identidade visual e psicológica dos gaúchos. Do mesmo modo que os interlocutores vivos, as indumentárias, como no caso em estudo os lenços gaúchos, também são narradores e protagonistas de uma história que se personifica e transcende o próprio tempo.
Lenço Farroupilha

     Aqui, compreendemos que patrimônio cultural e de identidade é um status em que os Lenços Gaúchos tornaram-se a própria testemunha, uma fonte carregada de ideais e valores da sociedade na qual foram e são consumidos, usados e/ou constituídos.

     Relaciona-se patrimônio cultural com memória e marcas de identidade de uma sociedade, na qual a memória coletiva atua como narrativa do passado e constituinte de uma identidade social inegável.

     Ainda, os lenços, referidos aqui como parte da indumentária gaúcha, repita-se, são compreendidos como uma experiência condicionante das relações sociais, e não apenas um produto de estética resultante das conjunturas sociais e anseios políticos de uma época. Neste compasso, as interações sociais estão permeadas pelos objetos, onde a indumentária constitui um grupo e escancara seus ideais e vontades.

     Os lenços gaúchos, dentro de um espaço patrimonial, neste trabalho, são caracterizados como um verdadeiro documento, como parte da cultura material e como um bem cultural. O formato, o tamanho, a cor, os métodos de uso, os sujeitos envolvidos na criação bem como as formas de organização e inserção das peças em locais compreendidos como patrimônios são alguns dos aspectos que constituem a trajetória desses artefatos tão importantes.

Material dividido em 4 partes
Artigo de Maxsoel Bastos de Freitas

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