quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A Origem do Lenços e a sua Importância na Indumentária Gaúcha - Parte II

por Maxsoel Bastos de Freitas
1. Origem dos Lenços 

     Os lenços, assim como as roupas, possuem como sua primeira função proteger o corpo. Porém, podem ser utilizados como identificação entre pessoas e seus grupos, suas origens, tribos, status social etc. A história antiga e, mesmo a contemporânea nos revela:

     – Que a rainha Nefertiti foi a primeira mulher na história a usar um lenço na cabeça em 1350 a.C. O tipo de lenço que a misteriosa rainha do Egito usava era conhecido como “khat”.

     – Em 1261 d.C a dança do ventre, dançada no Egito, trazia o lenço como acessório para a dança e para o figurino da dançarina, que amarrava o lenço na cintura como uma saia.

     – A rainha Vitória da Inglaterra e a princesa Elena Meshcherskaya da Rússia foram duas das responsáveis por ajudar a popularizar o lenço como acessório entre o ano de 1837 e 1843.

     Mais a fundo, constata-se que o lenço que deu origem as gravatas masculinas, cachecóis entre outros acessórios de vestuário tem uma história que remonta os antigos egípcios e passa pela história de croatas, franceses e chineses. A origem do lenço também passa pela antiga Roma por um pedaço de pano de linho que era chamado de sudário que significa “pano de suor” em latim.

     Arqueólogos identificaram em torno do pescoço de múmias egípcias uma espécie de amuleto conhecido como Sangue de Ísis. Esse objeto em ouro ou cerâmica possuía a forma de um cordão arrematado com um nó, cuja função era proteger o corpo dos perigos da eternidade.

     Os romanos utilizavam esses tecidos para limpar o suor do rosto e do pescoço, dessa forma a utilidade era mantê-los limpos e não quentes como fazemos hoje em dia. Com o passar do tempo os lenços começaram a ser utilizados em volta do pescoço e também atados aos cintos. As mulheres romanas gostaram dessa moda e logo aderiram.

     Alguns historiadores acreditam que os primeiros lenços de pano eram utilizados pelos guerreiros do imperador chinês Cheng (Shih Huang Ti), em 230 a.C., contudo, existem registros de que esse tipo de lenço já era comum entre os mercenários croatas. 

     Em seu livro “La grande Historie de la Cravate” (Flamarion, Paris, 1994), Francoise Chaile nos conta sobre os aspectos deste apetrecho e sua posterior difusão:

     “(…) Por volta do ano de 1635, um grupo de 6 mil soldados e cavaleiros vieram a Paris manifestar seu apoio a Luis XIII e Richelieu. Entre eles havia um grande número de mercenários Croatas que, separados pelo exílio, permaneceram a serviço do rei Francês. (...)”

     Nesse caso havia até mesmo uma distinção social, hierárquica, pois, os simples soldados utilizavam lenços de algodão enquanto os oficiais utilizavam o acessório de seda.

      Os franceses gostaram tanto dos lenços coloridos de outros povos que passaram a utilizá-los em volta do pescoço, acessório que foi chamado de kravata que é uma palavra de etimologia croata que deu origem as gravatas. Para os franceses os lenços eram usados para mostrar a inclinação política do homem dependendo da cor escolhida.

Material dividido em 4 partes
Artigo de Maxsoel Bastos de Freitas
Parte II

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