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Nos anos 90 (não gosto de dizer: "do seculo passado") os bailes lotavam, com a mesma facilidade que as domingueiras realizadas com o mesmo grupo musical. Entraram os anos 2000, uma nova geração chegou, com seus celulares conectados pelo mundo. Com esta geração não há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente necessário. Tudo é transitório. Talvez ai esteja uma das respostas de uma conversa que tive com Fernando Augusto Espíndola, do Grupo Alma Gauderia. Falávamos que hoje ninguém mais se prende a um grande sucesso. Quantas musica foram lançadas com seus clipes, em dois meses, músicas interessantes, com letras de Rodrigo Bauer, grande poeta e compositor, mas que levantaram a fervura e o fogo apagou.
Eles não se prendem mais. Não há uma observação demorada, contemplativa, admirada daquilo que experimentamos, é preciso registrar rápido, com uma selfie, filmar, comentar, curtir, mostrar, comprar e comparar. Mostrar par aos outros que estamos felizes. “A sociedade está marcada pela ansiedade, reina uma inabilidade de experimentar profundamente o que nos chega, o que importa é poder descrever aos demais o que se está fazendo” – escreveu o sociólogo polonês Zygmund Bauman.
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Falta aquela coisa mais humana, por que nas relações virtuais não existem discussões que terminem em abraços vivos, elas são mudas, distantes, ofensivas (por que não se sabe a linguagem corporal ou a expressão facial da pessoa quando escreve). Nesses tempos que chamamos de corrido, a pessoa se sente sempre cansada, como se se o dia não tivesse horas suficientes para que se pudesse realizar todas as tarefas, surgem as dificuldades de concentração e o famoso déficit de atenção, fica constantemente irritada e quer desabafar nas redes para que outro entendam seu problema.
Ai, tu chega em casa e ao invés de ir se divertir com os amigos (físico), em um bom baile, senta no sofá e a Smarth TV tem Amazon Prime, Netflix canais de esportes, ao alcance dos dedos. Neste caso, fica difícil a competição Baile x Opções do sofá.
Pessoal da invernada só vai no evento que lhes favorece, ou seja: jantar do grupo tal, baile do grupo tal (vai aquele grupo e quem os segue e admira)... Artística x Campeira, em lados opostos, e as duas x Cultural (esporte, social, jovem, comunicação nem são lembrados). A entidade vive pelos eventos de seus grupos e esquecem a comunidade ao redor. Este esquecimento ao longo dos anos cobrou caro. O CTG nasceu em um lugar onde não tinha nada nem ninguém e, de repente, não mais que de repente, surgiu uma cidade na volta. O bate pé dos peões começa a irritar, na hora da novela. E aquela comunidade que poderia ir aos eventos, se transforma em “inimigo público número 01” da entidade. O Encontro Regional de Patrões tem que ser uma charla pra se pensar o atual momento, que é diferente das passagens anteriores e deve ser muito debatido.
Como é que o baile não vai estar meia-boca? Não vamos nem tocar no assunto gestão/administração...
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