quarta-feira, 16 de março de 2022

Tacuarembó/UY – Uma experiência inesquecível


     Hoje é um relato. Já estive na Colônia do Santíssimo Sacramento, Montevideo, Aceguá, Chuy, já atravessei o Uruguai (não a nado), fui à Argentina, Chile e Peru, experiências gratificantes para quem estudou história ou é amante dela. Mas este final de semana que passou (entre os dias 10 e 13 de março) estivemos em Tacuarembó, visitando a 35ª Fiesta de La Pátria Gaucha, uma coisa que já queria ter feito ao lado do meu pai, há muitos anos.

    A parceria da minha esposa, Liliane, que não afroxa o garrão assim no más, e com os amigos do Grupo Ronda Gaúcha, de Antônio Prado, fomos para a cidade uruguaia, sede desta festa incrível que passo a narrar. Cabe destacar que a viagem contou com o amigo escritor e folclorista Cristiano da Silva Barbosa e sua família, além do músico, que eu já admirava, Fabio Soares. Estivemos em Santana do Livramento onde fomos recebidos pelo casal, Rui e Andrea Cavalheiro, que não mediram esforços para que nos sentíssemos bem (inclusive uma paletinha de cordeiro assada), como a visitação à Vitivinícola Cordilheira Santana e a Casa Albornoz, com produtos à base de oliva. Visitamos também o Parque aquático Amsterlândia. Simplesmente lido. 


   Sexta, 11, chegamos em Tacuarembó e fomos visitar os nossos anfitriões, no Fogón de Curtina, espécie de piquete (se compararmos com as festas gaúchas como o Acampamento Farroupilha). Fogón por conta que, em todos os acampamentos, o fogo de chão está presente, bem como a figura do fogonero, a pessoa dedicada a cuidar para que a chama nunca apague (esta figura também pode ser o cocinero).
 

   Na chegada vislumbramos os acampamentos e isso nos espantou, com a qualidade da construção dos ranchos. Quando puxamos as cadeiras próprias para sentar fomos avisados que nenhum tipo de equipamento fora da época do fogón poderia estar ali, podendo levar a descontos dos jurados, pelos acampamentos mais autênticos.  As construções eram bem variadas, usando como materiais a pedra, o barro, santafé, as cercas com moerões e palanques antigos, retirados de outras cercas mais velhas. Nada novo. Nessas áreas, também havia cavalos dentro de pequenos currais ou atados em palanques, propriedade dos integrantes das sociedades, que percorrem a festa continuamente com esses animais (pelo meio dos pedestres). O forno de barro, a cozinha de chão batido, com fogão a lenha para assar os pães, doces que marcavam do século XIX nos foram apresentados pelas senhoras, uniformizadas com as cores do seu fogón. O que nós chamamos aqui de prendas, lá, eles llamam de 'flor'.


    Saímos para visitar outros espaços, que eles dividem em uma espécie de 1ª e 2ª divisão, mas todos feitos com muita dedicação para conquistar o título disputado. Uma arena gigantesca é dedicada ao espetáculo das gineteadas, enquanto uma espécie de concha acústica é o palco para os espetáculos musicais, que atraem uma plateia de até 40.000 pessoas. O evento é tão importante que tem um espaço reservado para o Ministério da Educação e Cultura do Uruguai.

    Durante o show de sexta-feira, 11, o Ministro fez uma manifestação no palco para umas 20.000 pessoas, e foi aplaudido ao dizer que: “Nosoutros trabajaremos para dar continuidad a la formación en oficios tradicionales como los trabajos en cuero y herbolerías” – ou seja, preservar profissões em extinção no país como guasqueiros e erveiros.

    O grupo Ronda Gaúcha, de Antônio Prado fez uma belíssima apresentação atraindo público para assisti-los no Fogón de Curtina. Isso contribuiu também, para o voto popular do espaço. A gurizada parecia divertir-se e apreciar o lugar. Tudo era um aprendizado. Fizemos as refeições na sociedad, com cozidos, puchero e assado. No sábado, 12, passamos pela avenida onde acontecia o desfile da Fiesta, lembrando em alguns aspectos, o desfile de 20 de setembro no RS, mas é claro, que com as características do gaúcho oriental. Cavalos bem cuidados, bem apresentados e aperados, com as melhores encilhas, passos e trotes ensaiados, ninguém a pé, somente os espectadores que aplaudiam os seus preferidos.  


 Caminhamos bastante pelo Parque, analisando o comercio, as vestimentas, a gastronomia, o orgulho gaúcho (aqui tão questionado – orgulho Gaúcho faz mal), o tratamento dos cavalos, os aperos (tu não vês corda de nylon), e tantos outros detalhes que nos levaram a concluir que temos que ir a Tacuarembó novamente. Em 2023, 36ª Fiesta de la pátria gaúcha. Fizemos boa viagem, brincamos bastante entre amigos e fizemos novas amizades.








Nosso agradecimento aos amigos, Rui e Andrea Rodrigues, pela parceria em Santana do Livramento e Jorge Lopez Arezo, estudioso e grande parceiro em terras uruguaias. 

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