domingo, 10 de fevereiro de 2013

E lá se foi mais uma cavalgada do mar...

... só que esta ficará eternizada em um documentário encomendado pela ULBRA TV.

Dia 02 de fevereiro, em Torres, iniciou a 29ª edição da cavalgada do mar, chegando em Dunas Altas, município de Palmares do Sul, dia 9. Nestes dias de cavalgada tive a oportunidade de conviver com amigos, que muitas vezes vejo somente quando montamos à cavalo. 

Neste ano, a ULBRA TV nos contratou para fazermos um documentário sobre o maior evento de homens à cavalo do mundo, que é registrado no The Guinness Book. Para isso, visitei cada acampamento, em cada parada da cavalgada, para rever amigos, conversar e entrevistar para o documentário. 

 Um trabalho bastante interessante. Entrevistei o Ministro dos Esportes, Aldo Rebelo. O ministro ressaltou a importância do evento para preservar a memória do estado. "A Cavalgada do Mar é uma das manifestações da cultura, das tradições e da história do Rio Grande do Sul. É um evento esportivo, cultural e turístico", disse. Para Aldo Rebelo, a cavalgada também é educativa ao "preservar na memória das futuras gerações a história do estado".
 Uma entrevista marcante foi com o professor João Osório Marques, que com um trajar de época, com botas garroneiras, chiripá farroupilha, deu uma aula sobre indumentária e, além disso, ensinou a fazer café de chaleira. As fotos são, com a sensibilidade, de Jean Carlo Martins Bastos.
 A entrevista com Osório foi em frente ao acampamento do Piquete Família Bastos, criado em 2009, ano em que, os médicos "determinaram" que seria nossa ultima cavalgada junto com meu pai. Então, em memória de meu avô, Florimundo Joaquim Bastos, pai do meu pai, carreteiro, criamos, com nossos vizinhos, o piquete da família para pequenas cavalgadas e para que meu pai estivesse junto. Osório conversou longamente com ele, Virgilino Bastos, patrão do grupo, que conseguiu superar a "previsão" dos médicos e fez mais 5 edições com a família e amigos. E com certeza ainda fará muito mais.
 Registrei alguns momentos dos cavalarianos cruzando o litoral gaúcho para treinar o aprendizado fotográfico. Com imagens de Paulo Garavelo, que formou a equipe do documentário, visitamos o "Piquete Memórias do Passado", da 12ªRT, "Terra é Guaiba", "Família Blehm", "Rancho da Saudade e Chaleira Preta", além de entrevistar muitas pessoas que nos deram relatos fundamentais para a elaboração do trabalho.
 Registramos momentos importantes da vida do homem do campo em trabalho de tropeirismo. Procuramos entender o que leva esses homens a tirar férias para poder estar uma semana no lombo do cavalo cruzando o litoral do RS. Secretários de Estado, Ministro, advogados, Secretários Municipais, vereadores, desembargadores, empresários (e muito bem sucedidos trabalhando de assadores para equipe).. um lugar onde, o coronel, serve o soldado, onde o empresário assa o churrasco par aseus empregados, não existem divisas. Não existe status social. Não existem classes sociais. Existem homens com objetivos comuns ligados por uma tradição secular.
 Homens que acordam as 5h da manhã e dão a primeira atenção aos seus cavalos. Depois, a si próprios. As 8h, quando saem, as equipes de apoio vão à frente preparando o acampamento. No meio do caminho revezamentos, hidratação, alimentos... água, para os amigos cavalos, que vem trazendo a história em suas patas.
 Crianças, adultos, idosos... ricos, pobres, coronéis, soldados... todos lado a lado, sem distinção. Gremistas e colorados abraçados e brincando. Lá não se sabe direito que dia é e, nem se sabe quem jogou. Espíritas conversando com católicos e de outras religiões trocando idéias sobre Deus.
Essa é a cavalgada do mar, que mesmo com as dificuldades encontradas pelos participantes começou muito grande em Torres. A cobrança veterinária de exame de Anemia Infecciosa Equina (AIE), da Guia de Transporte de Animais (GTA), vacinação, pulseirinha, não subir nas Dunas (costume de todos que era de subir nelas), controle da secretaria de agricultura do estado, da Brigada ambiental, das dificuldades nos acampamentos de luz e água... mesmo assim os gaúcho foram superando e driblando para definir a cavalgada como o momento de reencontrar os amigos e, juntos, preservar as tradições do nosso estado.

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