quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Conheça o professor Lucas Vieira, de Entre-Ijuís

 


   Lucas Vieira, 31 anos, professor da rede pública estadual e municipal, radialista e historiador da cidade de Entre-Ijuís. "Pertenço ao chão missioneiro e minha história tradicionalista começa mais ou menos aos 8 anos nas entidades da cidade, através da trajetória familiar, porém, foi através do CTG Passo do Ijuí que compreendi para que uma entidade existe". 

     Lucas começou como a maioria dos jovens da região, através do convite para participar dos “elencos” do CTG, como chamam os grupos de dança. "Para resumir a questão dos cargos e eventos organizados, posso dizer que ocupei diversos cargos ao longo do tempo, tanto da entidade, quanto da 3ª RT: guri, peão, xirú das falas, posteiro, departamento jovem, diretor de cultura interna, avaliador, departamento de comunicadores, equipe regional das classificatórias da FECARS etc e contribuí, como todos os membros das gestões que participei, com a organização dos concursos regionais, cfor, palestras, tchêncontros, seminários, ações na sociedade, palestras culturais nas escolas durante todo o ano e especialmente na Semana Farroupilha" - conta.


Blog - O que tirastes de proveito nas atividades que desempenhastes no CTG?

     TUDO!!! Falar ao microfone, expôr ideias e pensamentos, cuidar e guiar os mais jovens, organizar e conciliar o trabalho em equipe, observar os mais experientes, ensinar os menos experientes, trabalhar pelo desenvolvimento da comunidade, compreender e valorizar o trabalho do campo, conciliar o trabalho braçal e o desenvolvimento intelectual. 

     Além de usar bombachas, é preciso SABER O PORQUÊ SE USA! Ainda, através das viagens que realizamos conheci inúmeros lugares do estado, do Brasil e do mundo que, provavelmente, não teria acesso sem o tradicionalismo. Ressalto ainda as viagens com o Seu Cezar Farias, enquanto era coordenador regional, cada cidade, cada ponto, cada km rodado resultaram num causo, num ensinamento, num debate ou uma aula de economia e história do RS.

Blog - Para desempenhar as atividades públicas, consegues perceber os ensinamentos que tirastes desse meio de convivência sócio-cultural como o tradicionalismo?

     Posso dizer que sou professor DE HISTÓRIA em virtude do tradicionalismo. Foi através dele que conheci a história da minha terra, do legado Guarani-Jesuítico e o quão esse processo foi importante para a formação do gaúcho como ele é hoje. Do quão importante foi o papel de figuras como Sepé Tiaraju, Antônio Sepp, Assis Brasil, Getúlio, Jango, Brizola, Pasqualini, Veríssimo, Landell de Moura, Quintana, Oswaldo Aranha, Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, assim como o potencial do RS e do país como um todo. Além disso, percebi que é preciso divulgar essa história, valorizar os povos indígenas, não somente o seu legado, mas na atualidade, contar as peripécias e aventuras que dariam livros e filmes que poderiam correr o mundo, mas que aos pouquinhos vão se perdendo... como disse Tolstoi, é preciso cantar a nossa aldeia para sermos universais, não é? Assim, estudar a História da minha terra me rende uma perspectiva, fora do senso-comum, de sociedade, de país e me faz projetar um presente e um futuro melhores para todos!


BLOG - A
cha importante que os pais levem seus filhos para um CTG?

     Com certeza! Além de todas as questões de valorização, de conhecimento, de um ambiente onde se cultuam certos valores como lealdade, honra, honestidade etc, saliento que é um caminho para o desenvolvimento intelectual que abre portas para o futuro, para o mundo do trabalho, seja através da desenvoltura pessoal, do trato com pessoas e o mais bacana de tudo é que é um aprendizado “natural”, se aprende através das brincadeiras, das conversas, da troca de experiências. Outro fator que destaco é a experiência dentro do Passo do Ijuí e de várias outras entidades que visitei onde  “o filho de um, é o filho de todos”! 

     Além dos pais levarem os filhos para a entidade, é necessário que os CTGs levem a cultura e a história para dentro das escolas e consequentemente do cotidiano dos jovens. Para encerrar, devo toda essa caminhada a Dona Iara Rott, minha mãe, que (como trata a questão) foi quem me levou pela mão (às vezes meio a cabresto) pelo caminho das tradições!

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