sexta-feira, 8 de maio de 2020

O Fecho não fecha - Letra de Léo Ribeiro de Souza

O FECHO NÃO FECHA
(Léo Ribeiro de Souza)

Cresceu a barriga e a camisa folgada
brilho de cetim, essência de asa,
em quarenta dias ficou apertada
que até os "botão" já não param nas casas.

A bombacha larga das festas de junho,
relíquia herdada dos meus bisavós,
"encolheu" que parece uma calça de punho
e falta um palmo pra fechar o cós.

Abri mais dois furos no meu cinturão,
e digo, no catre, me cansa o retoço...
Troquei as cuecas por "samba-canção",
e o lenço mal cobre o gogó do pescoço.

Meu poncho de lã, a minha coberta
nas noites de inverno, amigo de fé,
se agora eu preciso, quando o frio aperta,
se tapo a cabeça destapo meus pés.

Não é por fartura o corpo roliço
total, no meu rancho, o bife é sorteado
eu ando é na falta de baile e serviço,
bater uma bola, carreira e carteado.

As pernas incharam, redonda é a face
até a balança de mim sente pena.
Tudo que perdi só comendo alface
achei (e com sobra) nesta quarentena.

Versos e desenho: Léo Ribeiro de Souza

Gauchada. Vamos rir um pouco porque de desgraceira o mundo está cheio.

Abraço a todas as mulheres minhas amigas, especialmente as mães.

Um bom fim de semana a todos.

blogdoleoribeiro.blogspot.com
"A 10 anos, um chasqueiro virtual da cultura gaúcha."

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