A obra procura reconstruir como Porto Alegre, capital da província no século XIX, viveu o conflito interno provocado pela Revolução Farroupilha (1835-1845) ou, mais precisamente, como essa guerra afetou a cidade e a convivência entre diferentes grupos sociais.
O título “A Difícil Convivência” aponta para essa tensão entre os farrapos e os que apoiavam ou se mantinham próximos ao governo imperial
Walter Galvani sugere que essa convivência entre a cidadãos da província e os revolucionários ainda não está completamente resolvida — ou, em suas palavras, “um processo histórico ainda não concluído”.
Embora o livro seja de 158 páginas, ele realiza uma espécie de “reexame” de eventos históricos, com atenção para episódios pouco conhecidos ou que mantêm implicações até os dias atuais
O núcleo da obra é, justamente, analisar como os diferentes atores conviveram — ou não —: os farroupilhas, os imperiais, os moradores da cidade e os que permaneciam em alguma neutralidade ou adaptação.
Conflitos de lealdade, de identidade, de pertencimento, de poder. A fome... Galvani sugere que essa “difícil convivência” persiste simbolicamente no Rio Grande do Sul, no sentido de que a história, a memória e o lugar da Revolução Farroupilha na cultura local continuam sendo objeto de discordância.
A Difícil Convivência” não é um romance, nem uma narrativa dramática, mas um ensaio histórico com tom crítico e reflexivo, que propõe ver a Revolução Farroupilha sob a lente da cidade — Porto Alegre — e das tensões que ali se manifestaram. O autor abre mão de apresentar um final categórico ou uma “solução” para as contradições; ao contrário, evidencia que a convivência entre diferentes visões, lealdades, forças que ainda demandam compreensão.

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